Assentada sobre o muro no entardecer ela olhava a cidade que ia escurecendo em tons alaranjados enquanto a névoa da noite descia sobre as torres das igrejas, repintando de novos tons os telhados das casas e a luz tremulante de velas, lamparinas e lampiões apareciam nas janelas dos lares em sagrado recolhimento.
O azul escuro da noite ganhava o pico do monte e as nuvens acenavam seu adeus para mais um dia enquanto rodopiavam sopradas pelo vento e o tempo. Aqui e ali começavam a piscar estrelas sorridentes dizendo: Boa noite, boa noite...
Seus cabelos compridos e ruivos pousavam sobre os ombros firmes da mulher que um dia foi menina. Os seus sonhos ainda rondavam com o vento as curvas das ruas e balançavam as saias das árvores pedindo passagem. Seu olhar se elevava ao horizonte lusco-fusco saudando a noite; despedindo-se do dia com gratidão...
O tempo vai passar; vai levar os anos e as histórias e deixará suas marcas no nosso jeito de olhar, no nosso jeito de viver. É preciso contemplar a paz, é preciso amar a paz, é preciso desejar a paz.
Adeus meu dia, vai dormir. Eu levarei para o travesseiro
a gratidão de ter vivido mais um dia! Obrigado Deus por contemplar a tua paz.
Helio O. Silva - 31/10/2017.
a gratidão de ter vivido mais um dia! Obrigado Deus por contemplar a tua paz.
Helio O. Silva - 31/10/2017.