® Atos 22: Até Essa Palavra.
Atos 22 é o
testemunho bíblico a respeito da intolerância dos intolerantes. As construções
sociais de nosso tempo se organizam de tal modo a anular qualquer raciocínio
contrário ao politicamente correto, culturalmente comercializado; filosoficamente
idolatrado ou ideologicamente proposto.
A prisão de Paulo
e seu interrogatório público colocam em relevo a pressão e a opressão sobre o
que é culturalmente contrário.
Paulo falou ao
povo em hebraico. Ele sabia o que estava fazendo e por que. Apresentou sua
defesa (apologia – v.1) convicto de estar articulando a verdade. A razão da
polêmica em torno dele era a sua conversão cristã, considerada uma traição na
opinião dos judeus. Ele conta a história do caminho de Damasco; ele conta a
respeito de seu encontro real com Cristo mais de uma vez no início de sua fé;
ele conta a respeito de inesperada, mas drástica mudança em seus planos por
causa da intervenção de Deus na sua vida.
Chama a atenção o
conteúdo da conversa com Ananias no verso 14. Cristo escolhera a Paulo para que
o conhecesse, vendo-o pessoalmente e conversasse com ele. O testemunho de Ananias
é a essência do conceito bíblico de apostolicidade. Cristo o fizera ali
apóstolo aos gentios pessoalmente, presencialmente. Uma verdade bíblica
ignorada pelos autodeclarados apóstolos de nosso tempo.
Ser apóstolos aos
gentios era sua vocação, seu chamado, o sentido de sua existência. Paulo teria
escolhido ficar em Jerusalém e reparar o erro de suas atitudes anticristãs
passadas, mas o próprio Cristo o enviara para longe, aos gentios (v.21). Sua
justificativa era sua vocação. A mudança operada por Deus em sua vida e
cosmovisão era seu argumento e testemunho. O Evangelho, seu conteúdo e
fundamento.
Como convencer
quem não quer ouvir? É difícil compreender a intolerância quando o pecado está
do outro lado, ou seja, por que os judeus estavam sendo intolerantes contra
Paulo, até mesmo judeus convertidos a Cristo, quando eles mesmos não guardavam
a Lei nos seus requerimentos mais básicos?! Como parece fácil justificar o ódio
usando a Escritura, quando não se obedece a própria Escritura!
Os que querem a
morte de Paulo não são diferentes dos que querem a morte intelectual da Igreja e
exigem seu silêncio nas academias, nas repartições e até mesmo nas praças. Dói
nos ouvidos falar de nossas incoerências diante de Deus. Dói nos ouvidos ter de
responder ao testemunho da verdade.
Será que a voz do
povo é a voz de Deus? Nunca foi, nunca será.
Com amor, Pr.
Hélio.