® Atos 16: Tu e tua casa.
O capítulo 16 de
Atos faz parte da sessão que vai de 15.36 a 18.21 e compreende a narrativa que
Lucas faz da segunda viagem missionária de Paulo. Podemos dizer que estamos
entrando no coração do livro de Atos. A segunda viagem de Paulo é bem mais
longa e abrangente que a primeira, sendo coroada de muitos frutos. Alguns fatos
precisam ser pontuados: A riqueza da experiência missional de Paulo fundando
várias igrejas importantes; o primeiro olhar do Evangelho na direção do
ocidente acontece a partir de Atos 16 com a fundação da primeira igreja
europeia (Filipos); o aumento das perseguições; a formatação da equipe
missionária paulina com a inclusão de Timóteo, Lucas e Tito; a participação de Priscila
e Áquila, bem como a conversão e atuação de Apolo. De muitas formas, essa seção
de Atos é tanto desafiante quanto impactante.
O Espírito Santo
não só impulsiona o trabalho, como às vezes também o impede, redirecionando-o
(v.6,7). A ferramenta do Espírito Santo foi tanto as circunstâncias como a
“visão de Paulo à noite”. Também é o Senhor quem abre o coração das pessoas
para que ouçam e creiam no Evangelho (v.14). Uma mulher rica (Lídia), uma
escrava e um carcereiro. Pessoas de camadas sociais diferentes unidas pelo
evangelho para formarem e conviverem numa mesma igreja com suas famílias. A
diversidade experimentando a unidade em Cristo. Isso deveria ser fundamental
nas nossas estratégias missionárias. Será que não foi por isso que Lucas gastou
mais tempo descrevendo a experiência da pregação do Evangelho em Filipos?
Por outro lado,
a igreja precisa também fazer bom uso da lei secular a favor do Evangelho. Exigir o respeito dos poderes constituídos não é desrespeito e nem
insubordinação, mas um direito justo. A base da relação igreja/Estado, segundo
as Escrituras, é a justiça, e não o favorecimento. A igreja nunca deve pleitear
o favor do Estado, mas a liberdade de crer e anunciar o evangelho sem
restrições injustas.
A perseguição é
uma realidade para a igreja não porque ela sonega impostos; se vende por propinas
ou “viraliza” sua intolerância por meio de intrigas com outros cultos ou outras
religiões. A perseguição é uma realidade porque a igreja prega o evangelho que
impõe mudanças morais na vida das pessoas por causa da santidade de Deus. As
exigências morais do evangelho vão de encontro a todas as conveniências
sociais que perpetuam a exploração do próximo pelo mais rico, pelo mais
poderoso e pelo mais esperto. A perseguição acontece porque amamos mais a Deus
que ao mundo (1 Jo 2.15-17) Porque o mundo odeia a Cristo e seu evangelho o
mundo sempre odiará a igreja também.
Em Atos
16, Lucas nos mostra, acima de tudo, que o evangelho não é uma experiência
intimista e solitária, mas uma benção para ser experimentada por você e sua
família e que quando um da família crê, a porta se abre para a família toda se
unir ao evangelho. Embora, em alguns casos, o evangelho divida famílias, na
maioria das vezes ele não só as une como fortalece ainda mais o vínculo
familiar elevando-o da condição sanguínea para o da fraternidade em eternidade por meio da
cruz.
Com amor, Pr. Hélio.