® Atos 7: Martírio.
O primeiro
mártir da igreja não foi nem um apóstolo e nem um presbítero, foi um diácono. O
ofício diaconal não é um estágio preparatório para o presbiterato ou pastorado;
nem um berçário onde estes são formados, já dizia Calvino nas Institutas. A
diaconia é, antes de tudo, o ofício do cuidado fraternal da igreja para com os
necessitados, doentes, carentes e marginalizados. A diaconia da igreja são os
seus braços amorosos cuidando do povo de Deus. Os diáconos existem na igreja
como líderes que atuam no governo da igreja no que diz respeito ao suprimento
de necessidades emergentes que atentam contra a integridade do testemunho
cristão. Por isso o ofício diaconal precisa ser considerado em alta conta por
todos nós, e desempenhado com criterioso zelo pelos que foram eleitos pela
igreja!
O testemunho e a
defesa de Estevão são cristocêntricos e cristológicos. Não importam reputação e
protocolos. Diante da imperiosa tarefa de sermos testemunhas de Cristo a única
alternativa é anunciá-lo, testemunhá-lo e colocá-lo no centro.
As falsas
acusações contra Estevão eram as mesmas levantadas contra Jesus Cristo perante
o mesmo Sinédrio. A resposta à capciosa pergunta do sumo sacerdote “porventura,
é isto assim?” (v.1) só poderia ser a reafirmação da história da redenção
centralizada no cumprimento das profecias bíblicas em Jesus Cristo.
Diante da morte
iminente apenas uma atitude: Testemunho firme. Note-se que dessa vez o Sinédrio
nem se preocupou em buscar a permissão de Pilatos para executar esse diácono da
igreja.
Em meio à dor
excruciante do apedrejamento Estevão recebe de Deus uma visão consoladora: Ele
vê a Cristo de pé ao lado trono de Deus. Consola-nos saber que o Espírito nos
encherá diante da morte e que atrás e acima dela estará o Salvador de pé nos
esperando para nos receber. Na hora da morte o Salvador nos capacitará a
enfrentá-la sem medo, porque nossa esperança de salvação é garantida por ele, e
ele pessoalmente cuida de todos os que confiam nele e nas suas promessas que
não falham.
Estevão não
buscou o martírio, mas com ele testemunhou a sua fé! Na história posterior do
cristianismo, o martírio tornou-se um valor e uma virtude que podiam expressar
tanto a consagração quanto o oportunismo de muitos. Por isso a igreja entendeu
que o martírio digno não é aquele que é buscado, mas aquele que nos alcança. A
igreja entendeu que morrer por causa da fé não é vergonha, mas privilégio; e
que o sofrimento por causa do nome de Jesus sempre acompanhará a igreja
enquanto formos fiéis no testemunho cristão.
Tertuliano, no segundo século, cunhou uma frase que define o valor do martírio para a igreja:
“O sangue dos cristãos derramado nas arenas é a semente do evangelho. Quantos
mais cristãos forem mortos nas arenas, mais pessoas serão convertidas nas
arquibancadas”. Foi o que aconteceu.
Paulo disse que
os diáconos que desempenarem bem o seu ministério são dignos de receber a honra
e a justa proeminência e muita intrepidez na fé em Cristo (1 Tm 3.13), porque
os diáconos sempre comporão a linha de frente do testemunho cristão. Honremos
adequadamente os nossos diáconos, eles cuidam de nós!
Com amor, Pr.
Helio.