O Medo do Fracasso
Helio
O. Silva = 1º/11/2016
Todos nós temos medo de fracassar. Esse medo nos
acompanha em todas as áreas e atividades de nossa vida. Tememos fracassar como
filhos, como pais, como maridos, como esposas. O medo do fracasso profissional arrepia
nossa alma e o medo do fracasso conjugal é uma sombra tenebrosa pairando sobre
muitos casamentos.
Existe também o medo do fracasso espiritual que
paralisa a fé de muitos crentes. Certa vez uma senhora já idosa me disse que
não queria ser batizada porque temia desviar-se da fé após o batismo. Ela foi
batizada após essa conversa e nunca se desviou da fé.
O fato é que o medo do fracasso muitas vezes nos
paralisa e permeia nosso jeito de ser cristão, porque, para nós, o fracasso
traz a disciplina e a vergonha pública. Em função disso, não nos comprometemos
com nenhum projeto ou programa de crescimento espiritual que possa vir a exigir
de nós alguma responsabilidade ou prestação de contas. O medo do fracasso mata
nossa voluntariedade e por conseguinte nosso crescimento espiritual na fé. Há
duas palavrinhas que precisamos dizer sobre isso:
Primeiro: Cristo disciplina, mas não reprova nossas imperfeições
involuntárias, as quais estão sendo removidas por meio da obra de santificação
do Espírito Santo em nossa vida. O que ele julga é a infidelidade, o ócio, a
negligência e a ação voluntariosa que recusa a aprender, inclusive com os
próprios erros; erros que nem sempre são pecados, mas, apenas inabilidades que
podem ser corrigidas e amadurecidas mediante treinamento apropriado. Deus
persegue o falso profeta e o profeta desobediente, como fez com Jonas, que
acabou dentro do ventre de um peixe até resolver obedecer ao chamado de Deus.
Mas ao obediente, prometeu capacitar e acompanhar, cumulando de bênçãos o seu
trabalho (Jo 4.34-38).
Segundo: Em nada ajudará, no nosso crescimento
espiritual e no dos outros, fugirmos da obra, fingindo escrúpulos ou alegando
incapacidades para o trabalho. Alegar falta de capacidade para ser fiel, a fim
de furtar-se ao cumprimento do dever cristão, é justificativa fraca, pois o
poder sempre vem de Deus, nunca de nós mesmos. Se parássemos para pensar sobre
a diferença entre as coisas temporais e as eternas, sobre perdas e ganhos, e
sobre fé e obras; se possuíssemos a fé descrita como “certeza de coisas que se
esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11.1); se vivêssemos pela fé e não pelos sentidos (comer e beber,
cheirar, olhar, ouvir, pegar), não haveriam questões não resolvidas, nem temeridades,
nem hesitações ou medos de fracassar, que impedissem nossa disposição em servir
e trabalhar na obra de Deus. Todas as objeções, todos os apelos humanos
pareceriam apenas futilidades e raciocínios infantis ingênuos.
Não se deixe paralisar na fé por causa do medo de
fracassar; apresente-se ao trabalho, voluntarie-se. Descubra como servir te
fará crescer espiritualmente, de forma mais consistente, fazendo de você uma
bênção nas mãos de Deus.
Com amor, Pr. Hélio.
(Leia mais
em: Richard Baxter. Manual Pastoral de Discipulado, ECC, p.195-197).