Texto: Isaías 9.1-7
Tema: Um Menino Nos Nasceu!
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Introdução:
Qual a idéia que nós temos de Natal?
Aquela vendida pela televisão e nas lojas do comércio?
Ø Elas falam de guirlandas e papai Noel.
Ø Oferecem presentes e festas.
Ø Propalam a fraternidade entre os povos e as pessoas.
Ø Falam do espírito natalino e da magia do Natal.
Contudo, cada dia mais se afastam do natal de Jesus.
Isso nos leva a pensar sobre qual a importância do
Natal de Jesus Cristo segundo é narrado nas primeiras páginas dos Evangelhos de
Mateus e Lucas, onde o que se lê não reflete aquela piedade cheia de dó pelo
pobrezinho que nasceu em Belém, mas a certeza do cumprimento de uma promessa
divina a partir daquela noite.
Ler o Natal de Jesus nos Evangelhos nos
ensina sobre ter um encontro pessoal e histórico, não com uma criança
simplesmente, mas com o salvador de nossas vidas. Esse encontro é o centro da
mensagem do Natal. Ele não nasceu para ser o “bonitinho” bajulado por
reis-magos do oriente, mas para carregar sobre si os nossos pecados, como disse
Simeão: “Porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante
de todos os povos” (Lc 2.30,31).
Contexto:
O contexto de Isaías 9 fala de uma
região marcada pela aflição e esquecimento. Uma região esquecida pelo mundo.
Pessoas sem lugar na sociedade e na vida; uma situação social sem controle,
correndo atrás de coisas sem valor e sem ter para onde ir.
Poderíamos pensar que o texto estivesse
falando da situação de muitas favelas brasileiras, mas na verdade, a profecia
de Isaías é endereçada aos habitantes de Zebulom e Naftali, que mais tarde, na
história de Israel, vai se tornar a “Galiléia dos gentios”, o lugar que Deus
escolheu para o seu Filho crescer e viver.
Quando estamos aflitos não sabemos direito o que fazer
e aceitamos qualquer coisa; colocando-nos à mercê de qualquer um! Muita pobreza, marginalização e desespero,
insegurança, vida sem razão; são algumas das características da região onde
Deus escolheu que nosso salvador vivesse.
O contexto histórico do capítulo 9 é o mesmo do
retratado no capítulo 7.[1] A
Síria e Israel oprimem Judá tentando anexá-la às suas conquistas. O rei Acaz
prefere confiar no socorro da Assíria do que em Deus. Deus envia Isaías ara
dizer a Acaz que a Assíria destruirá tanto a Síria como Israel, mas que ela não
será o socorro esperado, pelo contrário, será o baço do juízo de Deus sendo
levantado sobre o povo da aliança vivendo em desobediência.
A invasão assíria trará opressão,
sofrimento dobrado, deixando o povo de Deus numa triste condição de subjugação
político-militar e social. Isaías diz em 8.22 que Israel experimentará
angústia, sombras de ansiedade temível escuridão e trevas profundas,
especialmente as terras do norte, que serão invadidas primeiro.
Mas Deus não esquecerá aquela região: O caminho do Mar
Mediterrâneo e do Mar da Galiléia, as margens do Rio Jordão superior será
exatamente o lugar aonde a luz de Deus chegará primeiro. Porque o Messias
começará o seu reinado ali, na Galiléia.
Proposição:
Assim, propomo-nos a meditar sobre o
significado do nascimento de Jesus Cristo quanto ao seu propósito, a fim de que
nossas comemorações natalinas não caiam no lugar comum, e percam seu sentido de
adoração ao Salvador.
I.
Jesus Nasceu Para Destruir a
Aflição - v.1-3:
a)
Transformando o desprezo e a obscuridade em glória.
Aflição, obscuridade e
desprezo retratados no v. 2 são formas de mostrar o sofrimento que Israel
experimentará sob a invasão assíria. Quando o Messias se manifestar essa
realidade será transformada e sob o seu reinado não haverá mais opressão.
Como a Galiléia foi a primeira a ser levada cativa em 722 aC, seria a primeira a receber a revelação do Messias, da Salvação. Foi assim que Deus escolheu revelar a sua graça!
b) revelando
a sua luz.
Isaías profetiza a revelação de uma grande luz,
resplandecente e forte, que será vista por todos e virá sobre todos!
Ilustração: As luzes do Estádio Olímpico invadem até os cantos
mais escuros de minha sala de visitas. É uma luz forte e vinda de cima.
c)
Aumentando a alegria.
O resultado da salvação é alegria. Do mesmo tipo de
alegria que o mundo experimentou quando a I e II Guerras Mundiais terminaram.
Aquele alívio misturado com esperança. As nações do mundo ainda não aprenderam
que o principal ingrediente da alegria não é a liberdade, mas é a paz; porque é
da paz que vem a segurança e do abuso da liberdade que nascem as guerras!
Observe que Deus é quem dá a alegria e a faz aumentar.
Nas Escrituras, alegria é fruto do Espírito Santo que nos é dado graciosamente
pelo próprio Deus. Alegria nunca é alvo, mas sempre é consequência.
A revelação do Messias substituirá o desprezo, a
tristeza e a dor por alegria, júbilo e felicidade.[2] Observe
que essa alegria tem três características no v. 3:
®
É uma alegria
diante de Deus.
®
É uma alegria
como a que se experimenta numa boa colheita – fartura.
®
É uma alegria
como a que se experimenta na vitória em uma guerra – repartir o lucro.
Isso tudo reflete o oposto que se vive durante a
opressão da guerra ou da escassez de uma seca!
O perdão da opressão pelos nossos pecados alcançado
por meio da morte de Cristo tem um efeito semelhante. Não se trata aqui de
negar ou amenizar os efeitos sociais do Evangelho, mas de enfatizar as
prioridades espirituais de nossa redenção. Um povo redimido do pecado, será
também um povo redimido da opressão social; não automaticamente, mas pelo
crescimento do compromisso com o pacto, que faz diminuir a corrupção do pecado
na santificação e por consequência deve fazer a diminuir a corrupção dos
pecados sociais.
O Novo Testamento enfatiza a prioridade do primeiro
sobre o segundo, informando-nos, todavia, que o processo dessa mudança não
acontecerá imediatamente, pois trigo e joio crescerão juntos até o dia da
vitória final no dia do Juízo final. Então a aflição terminará definitivamente.
Os dois elementos estão juntos na profecia, mas eles
devem ser vistos pelo prisma do “Já e ainda não” da escatologia bíblica.
II.
Jesus Nasceu Para destruir o
Pecado - v.4,5:
Isaías apresenta três figuras da opressão: O Jugo, a
vara e o cetro. Todos retirados do contexto da escravidão no Egito.[3]
a) Jugo – Um
peso que não se pode carregar.
O jugo da servidão era o trabalho pesado diário, sem
esperança de que terminasse um dia.
b) A vara
que maltrata o corpo.
A vara era uma vara atravessada sobre os ombros com um
peso em cada extremidade fazendo pressionar fortemente a carne e os ossos da
espádua.
c) O cetro
opressor – Um governo injusto.
Este cetro era uma vara usada pelos condutores de
escravos empunhando uma vara ou um açoite com o qual forçava a caminhada.
Estes três instrumentos de opressão serão quebrados
pela manifestação do Messias (que ele ainda não revelou quem é). Sua vitória
será semelhante à vitória de Gideão que derrotou os midianitas com apenas 300
homens, surprendendo-os de tal forma que lutaram uns contra os outros. Aquela
vitória de Gideão afastou o perigo causado pelos midianitas definitivamente.
Assim também será a vitória do Messias, que retirará definitivamente todos os
tipos de jugo das costas de seu povo.
A morte de Cristo na cruz destronou o pecado e pagou
nossa dívida com Deus, libertando-nos de sua opressão. Na justificação fomos
livres da condenação do pecado; na santificação somos livres do poder do pecado
e na glorificação seremos livres da presença do pecado definitivamente.
III.
Jesus Nasceu Para Revelar-nos
o Caráter de Deus - v.6:
Observe antes de tudo o mais, que essa criança não
nascerá apenas para ser adorado, mas principalmente para o benefício do povo,
ele nascerá para libertar o seu povo! Ele nasceu tanto “para nós” como “por
nós”. Nós somos os beneficiários de seu nascimento. O seu nascimento real é a
chave para a paz, liberdade, alegria, crescimento e luz![4]
Quem é esse salvador e libertador, então? Ele é o
menino que nasceu da virgem (cap. 7.14), aquele que governará assentado no
trono de Davi; Jesus Cristo! Governo aqui é uma palavra que aponta para o
governo total, pleno, no qual o regente tem todo o poder, mas que também assume
toda a responsabilidade.[5]
Todos os nomes que ele recebe são divinos, aplicados a Deus.
Tudo isso está envolvido na questão dos
seus nomes:
a)
Maravilhoso Conselheiro
Maravilhoso não no sentido de “magia”, mas da surpresa
frente o belo! Do extraordinário, do milagroso! De forma maravilhosa, Jesus é
aquele que caminha ao nosso lado e nos aconselha (Sl 16.8) enquanto nos
pastoreia e governa.
b) Deus Forte.
A força de seu poder vem da sua divindade. Na sua
divindade ele é forte. Todavia, a força de Deus não está simplesmente no seu
poder milagroso, operando prodígios. A Bíblia deixa claro que a maior
manifestação do poder de Deus não está em seus prodígios sobrenaturais, mas na
cruz; loucura para uns; escândalo para outros; sabedoria de Deus para nós.
Ilustração: Esta foi a principal lição que o profeta Elias
aprendeu na caverna do monte Horebe (I Rs 19). Não são o vento, o terremoto e o
fogo os sinais únicos e atestadores do poder de Deus, mas de onde menos se
espera, encontramos a manifestação de seu poder.
c) Pai da
Eternidade.
Sua existência é contínua; não sabemos onde começa,
não sabemos onde termina. Qualquer noção temporal e atemporal procede dele.
d) Príncipe
da Paz.
Não da paz
do mundo (Jo 14.27), mas da paz que procede de Deus e principalmente da paz
como fruto da justificação de nossos pecados, da paz “com” Deus.
Conclusão
v.7:
A finalidade
do nascimento de Jesus objetiva para Deus:
a) Aumentar,
estabelecer e firmar o seu governo com juízo e justiça.
A nossa salvação é, acima de tudo, a manifestação da
glória de deus e do seu reino eterno para o qual nos levará.
b) Fazer vir
paz sem fim.
Suas leis justas governarão, não mais esse simulacro
de ordem perpetrado pelos homens que visa sempre, no final das contas,
proporcionar segurança, bem estar e perpetuidade deles mesmos no poder.
Nosso rei nos dará paz verdadeira e que não termina.
c) Deixar
evidente o cumprimento certo da promessa messiânica de Deus no nascimento de
Jesus Cristo.
Aplicação:
Acaz não queria confiar em Deus. Tinha a
responsabilidade de governar no nome de Deus, mas não o fez, levando sua nação
à bancarrota e a colocou sob o juízo de Deus.
1. Vivamos uma
vida cristã mais consagrada e séria,
enxergando com clareza o que Deus está fazendo no mundo a fim de participarmos
e cooperarmos com sua obra redentora. Se não fizermos isso, encontraremos, como
Acaz encontrou, o juízo de Deus vindo sobre si.
2.
Coloquemos foco nas nossas comemorações natalinas. Não deixemos de apontar para o fato de que a criança
prometida que nasceu, nasceu para nos salvar dos pecados. Fale isso para os
seus familiares em torno da mesa da ceia natalina. Não abrace o luxo que nos
cega, mas o Messias que nos salva.
3.
Alegremo-nos debaixo da forte luz!
Ser sérios e consagrados não significa que não devemos comemorar; significa
trazer os outros para a nossa festa, para o nosso jeito de comemorar e não
imitar o jeito do mundo de comemorar! Use enfeites que levem as pessoas a perguntarem pelo significado cristão do Natal (Ex. troque o Papai Noel pela cruz; enfeite sua árvore com motivos cristãos e não com estes expostos nas prateleiras da loja, que são inteiramente pagãos e secularizados).
Vamos nos alegrar com a sua forte luz!
[1] Gerard
Van Gronigen. Revelação Messiânica no Antigo Testamento, ECC, p. 518.
[2] Gerard
Van Gronigen, Revelação Messiânica no
Antigo Testamento, ECC, p.520.
[3] Gerard
Van Gronigen, Revelação Messiânica no
Antigo Testamento, ECC, p.521.
[4] Gerard
Van Gronigen, Revelação Messiânica no
Antigo Testamento, ECC, p.522.
[5] Gerard
Van Gronigen, Revelação Messiânica no
Antigo Testamento, ECC, p.523.