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Calvino: Para a Glória de Deus


Pastoral:

Para a Glória de Deus.

            Ele se postou de pé ao púlpito e abriu a Bíblia. Todos esperavam que fosse esbravejar sua vitória com eloquente força. Todos esperavam que comemorasse seu retorno com o dedo em riste apontando o revés de seus adversários. Todos esperavam uma lista de reivindicações pessoais e nepotistas para assegurar o sucesso pessoal de  seu retorno. Mas ele não fez nada disso; apenas abriu o texto bíblico e anunciou a Palavra de Deus.

         Ele se postou diante da Igreja e a olhou penetrantemente. Seu olhar não era de um general vitorioso; não era de um político astuto, tampouco de um religioso mórbido e arrogante. Seu olhar era o olhar brilhante de um pastor; só isso.

         Ele se postou ao púlpito sem cerimônias. Diante de si: Deus; a Bíblia e a Igreja. Não importava o ambiente; não importava o clima; não importava os olhares. Importava a sua missão; as reais necessidades humanas; a Palavra e o Deus da Palavra. O resto considerava vento de doutrina; falaz e sem sentido.

         Ele se postou ali depois de três anos de exílio. Três anos que valeram muito, que transformaram a sua vida e a vida da Igreja ali presente por conseguinte. Eles o mandaram embora, para que Deus o devolvesse mais maduro, mais forte, mais pastor do que nunca. E diante do povo , de Deus e da Palavra ele abriu a sua boca somente para glorificar o nome de Deus com o seu sermão. Deus é o Senhor do culto. É assim que deve ser, é assim que ele enxergava. Tendo a oportunidade de chamar a atenção para si, chamou-a para a Palavra de Deus.

         Ele abriu a Bíblia e no passar das páginas parou em um ponto. Assinalou-o com o dedo e disse a frase célebre: “Continuemos do lugar onde paramos há três anos atrás”. Nada poderia ser mais surpreendente, nada poderia ser mais eficaz. Quem perdera naqueles três anos não fora o pastor expulso, fora a Igreja que o expulsara. Agora era remir o tempo e recuperar o tempo perdido. A Palavra estava aberta; o pastor não cobrara suas mágoas; todos deveriam aprender a lição. Glória a Deus se dá com a vida e com as palavras. Glória a Deus se dá com as escolhas da nossa história. Glória a Deus se dá com a submissão à vocação divina e não com os interesses humanos passageiros. Glória a Deus se dá no culto que é só para Deus. Glória a Deus se dá com uma pregação responsável da Palavra de Deus e não com gracejos e lisonjas.

         O homem que se postara diante do púlpito naquele culto do primeiro Domingo após o dia 13 de setembro de 1541, era João Calvino, o grande reformador de Genebra, raiz histórica da nossa Igreja.

         Irmãos, aprendamos as lições da nossa história e glorifiquemos o nome de Deus somente.

Com amor, Pr. Hélio (30/10/2001).

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