Aula 05 – O Poder do Espírito Santo (06/09/2015)
Pecados Intocáveis – Jerry Bridges – Ed. Vida Nova - págs. 23-38.
Rev. Dyeenmes Procópio de Carvalho.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
INTRODUÇÃO
Temos
de analisar em duas etapas a purificação do poder do pecado. A primeira etapa
se refere à libertação decisiva e completa dos cristãos do domínio ou poder
reinante do pecado. A segunda etapa se refere à libertação progressiva e
contínua do pecado que permanece ativo em nós até morrermos. Em Romanos 6,
Paulo nos ajuda a entender essa libertação que acontece em duas etapas.
Em
Romanos 6.2, o apóstolo afirma que “morremos para o pecado”, e no versículo 8,
que “já morremos em Cristo”. Ou seja, por meio de nossa união com Cristo em sua
morte, morremos não só para a culpa do pecado como também para o seu poder
reinante em nós. Isso é verdade para todos os cristãos, e acontece no dia em
que somos salvos, quando Deus nos liberta do domínio das trevas e nos
transporta para o reino de seu Filho (Cl. 1.13).
A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO EM NÓS
A
afirmação de Paulo que “morremos para o pecado” é assertiva. É algo que Deus
faz por nós no momento de nossa salvação. Nada do que realizamos depois desse
ato decisivo tem poder alterar, para melhor ou pior, o fato de termos morrido
tanto para a culpa quanto para o domínio do pecado.
Paulo
refere-se à presença contínua e à atividade incessante do pecado que, embora
“destronado” de seu poder em nossas vidas, continua buscando exercer influência
e controle em nosso caminhar diário. De certo modo, o pecado é uma guerrilha
espiritual em nossos corações. Paulo descreve esse combate em Gálatas 5.17: “Porque a carne luta contra o Espírito, e o
Espírito, contra a carne. Eles se opõem um ao outro, de modo que não conseguis
fazer o que quereis”.
A
pergunta que fica então é: Posso ter esperança de sair vitorioso na batalha
mortal contra os pecados sutis da minha vida? A resposta de Paulo a esse
questionamento aflitivo encontra-se em Gálatas 5.16: “Mas eu afirmo: Andai pelo
Espírito e nunca satisfareis os desejos da carne”. Andar pelo Espírito é viver
sob o controle e na dependência dele. Paulo garante que, se vivermos assim, não
satisfaremos os desejos da carne.
Falando
de modo prático, vivemos sob o controle do Espírito à medida que sujeitamos
diariamente nossos pensamentos à vontade moral do Espírito revelada na Bíblia, e
procuramos obedecer a ela. Vivemos na dependência do Espírito quando imploramos
por meio da oração incessante que seu poder nos capacite a ser obedientes à sua
vontade.
A
vida cristã tem um princípio fundamental que chamo de responsabilidade dependente. Ou seja, somos responsáveis diante de
Deus por obedecer à Palavra e matar os pecados em nossa vida, tanto os chamados
aceitáveis quanto os obviamente não aceitáveis. Ao mesmo tempo, não temos a
capacidade para cumprir essa tarefa. Na verdade, somos totalmente dependentes
do poder capacitador do Espírito Santo. Nesse sentido, somos tanto responsáveis
quanto dependentes.
À
medida que buscamos andar pelo Espírito, iremos vê-lo trabalhar em nós e por
nós para nos purificar da força do pecado que ainda atua em nossa vida. Nunca
seremos perfeitos neste mundo, mas progrediremos aos poucos. Algumas vezes,
acharemos que não ocorrido progresso nenhum. Contudo, se queremos mesmo lidar
com os pecados sutis da nossa vida, podemos estar certos de que o Espírito
Santo trabalhará em nós e por nós, e nos ajudará. Sua promessa é que “aquele
que começou boa obra [em nós] irá aperfeiçoá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fp.
1.6). O Espírito Santo não abandonará a obra que começou em nós.
Na
verdade, ao lermos cuidadosamente as cartas do Novo Testamento, observaremos
que seus autores, especialmente Paulo, às vezes atribuem essa obra em nós ao
Deus Pai, outras vezes ao Filho Jesus e algumas vezes ao Espírito Santo. A
verdade é que as três pessoas da Trindade estão envolvidas em nossa
transformação espiritual, contudo, o Pai e o Filho trabalham por meio do
Espírito Santo que habita em nós (v. 1 Co. 6.19). Por exemplo, Paulo ora ao Pai
para que sejamos fortalecidos interiormente com poder pelo seu Espírito(v. Ef. 3.16). Como alguém disse com muita propriedade:
“O Espírito entrega o que Cristo concede”. Assim, quando falo do poder do
Espírito Santo, refiro-me ao poder do Pai, do Filho e do Espírito Santo; poder
que nos é transmitido e exercido em nós pelo Espírito Santo.
Convencer-nos dos pecados é um jeito do
Espírito Santo trabalhar em nós. Ou seja, ele nos faz ver nosso egoísmo,
nossa impaciência e nossa atitude crítica exatamente como são – pecados. O
Espírito trabalha por meio da Bíblia (que ele inspirou) para nos repreender e
corrigir (v. 2 Tm. 3.16). Também age por meio de nossa consciência, ao passo
que ela vai sendo esclarecida e sensibilizada pelos ensinos da Bíblia. O
Espírito já me trouxe à lembrança um pecado sutil e, usando essa atitude errada
como ponto de partida, foi mostrando como esse pecado agia em minha vida. É
lógico que nos convencer do pecado é uma das tarefas vitais do Espírito em nós,
pois não dá nem para começar a lidar com um pecado – especialmente aqueles que
são comuns e aceitáveis no ambiente evangélico – sem antes concordarmos que
certo jeito de pensar, falar ou agir é pecado de verdade.
Outra maneira do Espírito Santo trabalhar
em nossa vida é nos capacitando e fortalecendo para lidar com o pecado. Em
Romanos 8.13, Paulo nos exorta pelo
Espírito a “mortificar as práticas do corpo”. Em Filipenses 2.12, 13, o
apóstolo nos incentiva a pôr “em ação a [nossa] salvação [...] pois é Deus quem
efetua em nós tanto o querer quanto o realizar, segundo a sua boa vontade”
(NVI). Em outras palavras, Paulo nos instiga a agir na confiança de que Deus
está trabalhando em nós. Embora o apóstolo se refira a Deus, provavelmente Deus
Pai, como aquele que trabalha, já vimos que Deus usa o Espírito Santo como
agente transformador de nossas vidas.
Além
do Espírito nos fortalecer e capacitar para a tarefa, sua obra em nós é
monergística, ou seja, ele trabalha
sozinha em nossa participação consciente. Na oração de Hebreus 13.20, 21, o
autor afirma que Deus está “realizando em nós o que perante ele é agradável”.
Essa verdade deveria nos encorajar muitíssimo. Mesmo em nossos piores dias,
quando não conseguimos quase nenhum avanço na batalha contra o pecado, podemos
ter certeza que o Espírito Santo continua trabalhando em nós. É bem possível
que, apesar de sofrer com o nosso pecado (v. Ef. 4.30), ele use esse pecado
para nos ensinar a ser humildes e clamar a Deus em dependência cada vez mais.
Outra maneira do Espírito nos transformar é
fazendo-nos viver situações planejadas para o nosso crescimento espiritual.
Assim como nossa musculatura física não se fortalece sem exercícios, a nossa
vida espiritual não crescerá sem as circunstâncias que nos desafiam.
Se
temos a tendência a ter ataques de ira, algumas situações desencadearão nossa
ira. Se somos inclinados a julgar as pessoas, é provável que não nos falte
ocasião para isso. Se ficamos ansiosos com facilidade, teremos inúmeras
oportunidades de lidar com esse pecado. Deus não nos tenta ao pecado (v. Tg.
1.13, 14), mas proporciona ou permite circunstâncias que nos darão a chance de
matar aqueles pecados sutis característicos de nossa individualidade.
Naturalmente, só podemos lidar com os pecados sutis quando eles brotam numa
situação.
Deus mantém o controle absoluto
sobre toda e qualquer situação. Vejamos, por exemplo, Lamentações 3.37, 38 “Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o
Senhor o não mande? Acaso, não procede do Altíssimo tanto o mal como o bem?”
Podemos tirar muitas lições desse versículo, mas a verdade que gostaria de
enfatizar agora é que Deus está no controle de cada situação e cada
acontecimento de nossa vida, e os usa, de modo muitas vezes inexplicável, para
nos deixar mais e mais parecidos com Cristo.
Romanos 8.28 “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”
em que muitos de nós buscam encorajamento nas horas difíceis. No entanto,
apesar desse versículo ser de grande encorajamento, Paulo, na verdade, está
falando da nossa transformação espiritual. O “bem” do verso 28 é explicado no
verso 29, como sendo a conformidade com a imagem do Filho de Deus. Isso quer
dizer que o Espírito Santo trabalha em nós por meio das circunstâncias a fim de
nos deixar mais parecidos com Cristo.
CONCLUSÃO
Resumindo, o Espírito Santo trabalha em nós paranos
convencer e nos fazer cientes dos pecados sutis. Ele trabalha em nós para
nos capacitar a matar esses pecados. Depois, ele trabalha de modo que
nem notamos. Desse modo, usa as circunstâncias para nos exercitar no combate
aos pecados.
Temos um papel de muita importância
nisso tudo. É nossa responsabilidade matar os pecados aceitáveis em nossas
vidas. Não podemos simplesmente jogar a responsabilidade nas costas de Deus e
permanecer sentados, observando-o trabalhar. Ao mesmo tempo, somos dependentes
dele. Não conseguimos progredir em milímetro espiritualmente sem o poder
capacitador de Deus.
Entretanto, o Espírito Santo faz
mais do que nos ajudar. É ele quem lidera nossa transformação espiritual. É
claro que ele usa ferramentas para nos ajudar a descobrir e lidar com os
pecados sutis em nossas vidas. Contudo, ele não nos abandona nem nos deixar
descobrir sozinhos os nossos pecados ou lidar com eles na base da nossa própria
força.