O BATISMO (ASPERSÃO)
Deus
nos deu meios visíveis com os quais podemos exercitar nossa fé nele. São os
meios de graça: A Palavra e os Sacramentos.
Os
sacramentos são sinais exteriores e visíveis de uma graça interior e
espiritual. “...Uma santa ordenação instituída por Cristo na sua igreja, para
significar, selar e conferir àqueles que estão no pacto da graça os benefícios
da mediação de Cristo; para os fortalecer e lhes aumentar a fé e todas as
demais graças, e os obrigar à obediência? para testemunhar e nutrir o seu amor
e comunhão uns com os outros e para distinguir entre eles os que estão de
fora”.(Catecismo Maior de Westminster
– Pergunta 162).
Três observações importantes:
1- Os sacramentos não têm poder em si mesmos. Eles
são símbolos ou sinais.
2- Eles constam de duas partes: um sinal sensível,
uma graça invisível.
3- O Senhor Jesus instituiu apenas dois: O BATISMO e a SANTA CEIA.
I - O SIGNIFICADO DO
BATISMO:
O
Batismo é o sacramento no qual o lavar com água em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, significa selar a nossa união com Cristo (Gl 3.27), a remissão
dos pecados pelo seu sangue (At 2.38, Ef 1.7), a regeneração pelo Espírito (Tt
3.5), a adoção e ressurreição para a vida eterna (Gl 3.26-29), bem como a
admissão à igreja visível, professando publicamente pertencer inteira e
unicamente ao Senhor (Catecismo Maior - Pergunta 165).
II - QUEM DEVE RECEBER O
BATISMO?
O
Batismo deve ser administrado àqueles que professarem publicamente a sua fé em
Cristo (Rm 10.9,10: Mt 10.32,33), visto que se eu não professar, confessar a
Cristo diante dos homens, Cristo me negará conhecer diante do Pai.
O
Batismo é para os que crêem em Cristo e para seus filhos. Ele não salva
ninguém, mas faz parte da salvação, como mandamento de Cristo (Ordenação) pelo
qual participamos de suas bênçãos pela fé.
III - O MODO DE MINISTRAR O
BATISMO:
São
três os modos de ministrar o batismo: ASPERSÃO, EFUSÃO, IMERSÃO.
A
IPB batiza por aspersão, embora reconheça a validade dos outros dois modos. Eis
as nossas razões para batizar por aspersão:
1- A imersão
não está estabelecida como o único modo de batismo no Novo Testamento: não
há qualquer referência categórica afirmando ser o modo do batismo a imersão.
2- Batizar
não significa somente submergir, mas também molhar, lavar, derramar e
aspergir. A palavra BATIZAR é um termo que indentifica o sacramento, não o modo
de aplicar o sacramento. Compare Mt 15.2 (nipsô) com Mc 7.3,4 (baptisontai)
e Lc 11.38 (baptiste), onde batizar é sinônimo de lavar no texto grego.
Confira também com o uso do verbo “baptô”, que é traduzido por “molhar”
em Lc 16.24, Jo 13.26; ou “tingir” Ap 19.13 (bebamenoi).
3- Todas as
cerimônias de purificação dos judeus eram feitas por aspersão e a raiz do
cristianismo é judaica (Nm 8.7; 19.13, 18,19; Hb 9.13). Os batismos judaicos
eram por aspersão.
4- O batismo
com o Espírito Santo, no pentecostes, aconteceu por derramamento, e não por
imersão. Línguas de fogo parecem simbolizar mais a aspersão do que a
imersão. Veja também Joel 2.28: “DERRAMAREI O MEU ESPÍRITO SOBRE TODA A CARNE”
(cf Atos 2.17).
5- As
referências ao batismo de Jesus não ensinam a imersão. As preposições
gregas ali usadas (dois casos dos quatro) não demonstram claramente a imersão.
“eis” e “en”; “ir para dentro” e “estar dentro” não implicam
necessariamente em estar imerso ou mergulhar. Em outros dois casos a expressão
usada é APÒ, que quer dizer “partindo de” ou “desde”, que deixa claro ser a
imersão somente uma possibilidade remota. No Novo Testamento há casos de “ek”
ser usada com o sentido de APÒ, e não o contrário (ex. Mt 7.4,5 – argueiro e
trave dos olhos; Mt 22.35 – à direita, Mt 26.27 – bebei dele todos; Jo 1.31 – o que vem da terra é terreno [literalmente: da
terra]).
6- Existem
referências bíblicas que apontam para o simbolismo do batismo com água na forma
de aspersão (Ez 36.25; Hb 9.13,14; 19-22; I Pe 1.2; I Co 10.1,2; Hb 12.24).
7- A Escritura
demonstra que o elemento do batismo (água) deve ser aplicado ao sujeito
(pessoa), e não o sujeito (pessoa) ao elemento (água). Somos batizados
“com” água e não “na” água (Lc 3,16; Jo 1.26,33b; At 1.5; At 10.47). A água é o
instrumento do batismo e não o local do batismo.
8- Muitas das
referências a batismos no Novo Testamento favorecem a aspersão como modo
utilizado pelos apóstolos, visto que o contexto e as circunstâncias
demonstram a impossibilidade da imersão:
® Atos 2; no Pentecostes foram
batizados 3.000 pessoas em um só dia, numa cidade que não tinha um local
apropriado e que estava cheia de peregrinos.
® Atos 9.17,18; Paulo é
batizado de pé, dentro de uma casa. At 10, Cornélio e sua família são batizados
em casa.
® Atos 16; a família de Lídia
foi batizada em casa; e famíliaa do carcereiro de Filipos próxima à prisão
altas horas da noite (v. 25,33,35).
Será que haviam tanques
apropriados ou piscinas em suas casas ou nos arredores da prisão de Filipos?
Difícil de comprovar. Os batismos na época do Novo Testamento geralmente eram
feitos no local onde as pessoas confessavam a Cristo sendo batizadas
imediatamente, sem demora. Os catecúmenos (cursos de preparação para o batismo)
surgiram bem depois para evitar as heresias que estavam entrando na igreja
(segundo século).
9- As
pinturas mais antigas que se têm notícias, que retratam batismos cristãos
(catacumbas de Roma), fazem-no com gravuras de batismos ou por efusão ou
aspersão, mas raramente por imersão. A imersão foi popularizada com o
movimento radical anabatista, no sec. XVI (a partir de 1525, em Zurique, na
Suíça).
Conclusão:
1- O Batismo
deve ser recebido por fé. Não espere um efeito mágico em sua vida, porque
ele não existe. Ele é um ato de obediência a Cristo.
2- Lembre-se
que o Batismo é um sinal inicial e selador de seu compromisso com Cristo,
portanto deve ser tomado com temor e amor.
3- A questão
do modo da ministração do Batismo é Secundária, mas a I.P.B crê ser a
aspersão mais bíblica. Nenhum membro batizado em uma igreja reconhecidamente
evangélica será batizado outra vez pela IPB. Embora a igreja católica batize
por aspersão (Efusão), nós não concordamos com o significado da salvação
batismal usado por eles (ensinam que o batismo apaga a mancha do pecado
original e nos faz cristãos). O modo é secundário, mas o significado bíblico
não é, por isso rebatizamos católicos.
4- O Batismo
é uma obrigação, não uma opção. Lembre-se que o próprio Jesus Cristo foi
batizado, “para cumprir toda justiça” (Mt 3.15). O batismo não salva, mas faz
parte da nossa salvação como um ato de obediência a um mandamento direto de
Cristo.