O BATISMO INFANTIL
“Para nós o batismo é uma
consagração formal e pública de nossos filhos a Deus; uma expressão de nossa fé
na promessa de seu pacto; uma representação emblemática (simbólica) de
necessidade de purificação de nossos filhos e da natureza da obra do Espírito
Santo” (Charles Hodge, O Batismo Cristão, p. 72).[1]
I - Razões para o Batismo
Infantil:
1- As crianças fazem parte da família e povo de Deus. Isto é ensino claro tanto
no Antigo Testamento como no Novo Testamento (Gn 17.7-10; Dt 29. 10-13; At
2.39; I Co 7.14). Por estes textos percebemos que as crianças participavam da
aliança; eram alvos das promessas de Deus e são considerados “santos” ou seja,
separados para Deus.
2- As afirmações de Jesus sobre as crianças. Delas é o reino dos céus
(Mt 19.14; Lc 18.16; Mc 10.14). Devemos ser como as crianças para podermos
entrar no Reino de Deus (Mc 10.14;9.36).
3- Existe continuidade entre o povo de Deus do
Antigo Testamento (Israel) e o povo de Deus no Novo Testamento (Igreja). Todas as promessas de Deus
são repassadas à igreja; ela é chamada no Novo Testamento de “Israel de Deus”
(Gl 6.16). As crianças no Antigo Testamento. participavam do rito da
circuncisão. Circuncisão e batismo têm o mesmo significado em ambas as
dispensações (purificação e introdução no povo de Deus). O batismo é chamado
por Paulo, de “circuncisão de Cristo” (Cl 2.11).
4- O argumento de Pedro em Atos 2.38,39. “Pois para vós é a promessa,
para vossos filhos e para todos qua ainda estão longe, isto é, para quantos o
Senhor, nosso Deus, chamar”. A palavra “filhos” deve ser aplicada especialmente
às crianças, visto que filhos adultos não podem ser representados por seus pais
quanto à fé, pois já são adultos. Filhos adultos estão incluídos na expressão “para
vós”.
5- Os batismos de famílias inteiras no Novo
Testamento.
Cornélio (At 11); Lídia e o carcereiro (At 16); a casa de Crispo (At 18.8);
Estéfanas (I Co 1.16). A mesma coisa se diz das casas de Onesíforo, Aristóbulo
e Narciso. É totalmente improvável que não houvesse crianças nessas famílias. O
oficial que pediu socorro a Cristo creu com toda a sua casa (Jo 4.53). Jesus
curou ali uma criancinha/ paidion). A Peshita, versão siríaca do Novo Testamento, datada de cerca do 2º
século depois de Cristo, registra assim o batismo de Lídia “ela foi batizada e
as crianças de sua casa”.
6- A História da Igreja. O batismo infantil já era
uma prática comum da igreja nos tempos de Orígenes e Tertuliano.[2]
A controvérsia entre Agostinho e Pelágio (c. 400 d.C) sobre o pecado original
nas crianças, fala do batismo de crianças como prática normal da igreja daquela
época. Os problemas com respeito ao batismo de crianças só começaram a surgir a
partir do século XII, com os Petrobusianos e depois tomou forma com os
Anabatistas, no século XVI.[3]
Há citações a respeito de batismo de crianças feitas por Justino Mártir por
volta de 150 d.C. (fala de pessoas de 60 e 70 anos, batizadas na infância, ou
seja, por volta de 80 a
90 d.C.). Irineu (180 d.C.) que era discípulo de Policarpo, discípulo direto do
Apóstolo João e Origens (250 d.C.) que conhecia bem a história da Igreja de sua
época também falam de pessoas batizadas na infância.
II - A Responsabilidade dos
Pais:
O
batismo, para crianças, não é uma benção completa, mas um sinal de que pertencem
ao povo de Deus, como seus pais pertencem. Portanto isso implica que a fé dos
pais os representa diante de Deus, e seu povo. Para as crianças, o batismo é um
testemunho constante da obra de Deus para chamá-los à conversão. O papel dos
pais, então é o de educá-los para a salvação, conduzindo-os no ensino da
palavra de Deus (Pv 22.6; Ef 6.4; II Tm 3.15). Se a profissão de fé dos pais
for apenas nominal ou insincera, a aplicação do batismo à criança não terá
nenhum valor abençoador, antes, pelo contrário, poderá ter um caráter
condenatório. o maior problema de batismo de crianças não é sua veracidade,
mas, diz respeito ao ensino e à pregação da palavra de Deus. Se os pais não
cuidam de sua própria fé, certamente não cuidarão da fé dos filhos,
abrindo-lhes as portas para um cristianismo apenas nominal, ou para a
incredulidade e rebeldia contra Deus.
III - O Compromisso dos
Pais:
1- Educar seus filhos na crença em Deus, conforme o
ensino Bíblico.
2- Ensiná-los a ler a Bíblia, ler para eles e com
eles. Orar por eles e com eles, servindo-lhes de
modelos e
bons exemplos na fé e piedade cristã.
3- Levá-los à Igreja
assiduamente, para que aprendam o temor a Deus, o amor e o respeito para com as
coisas de Deus.
Conclusão:
O batismo de crianças tem implicações para os pais,
a igreja e os próprios filhos.
Pais: a fé dos pais crentes(I Co 7.14). Portanto, sua fé é fonte de
bençãos para os filhos estabelecendo o vínculo deles com a igreja.
Igreja: ela
tem o compromisso indissolúvel de auxiliar os pais, dando exemplo de fé e vida
para os filhos dos outros.
Filhos: pelo
batismo são inclusos na família de Deus. O batismo lhes servirá sempre de
incentivo para a prática do bem e para a concretização de sua confissão de fé;
e de obstáculo para a prática do mal.
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