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A Segunda Vinda de Cristo


INTRODUÇÃO:
“Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar. (Jo 16.22)
A expectativa da segunda vinda de Cristo é um dos mais importantes aspectos da fé cristã e está no âmago da escatologia do Novo Testamento. Cristo veio a primeira vez para inaugurar o seu reino, porém voltará para introduzir a sua consumação.
Mateus 24.30,31 = (30) “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. (31) E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus”.
Lucas 21.27,28 = (27) Então, se verá o Filho do Homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória.  (28) Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima.
São textos suficientes para demonstrar que toda a vitalidade do cristianismo está na promessa da volta de Jesus Cristo. Nós vivemos hoje pela fé em Cristo e pela esperança de sua vinda em poder e glória. Naquele dia, ninguém poderá mais tirar a nossa alegria (Jo 16.22).
Embora a doutrina da segunda vinda de Cristo às vezes é assunto de discordância, até mesmo discórdia, entre os cristãos, ela tem o propósito, como diz Paulo, de nos incentivar à esperança e ao consolo mútuo nos tempos difíceis (1 Ts 4.18).

I - A NATUREZA DA SEGUNDA VINDA.

         Não há como explicar detalhadamente como será a segunda vinda de Cristo, contudo existem algumas características que podemos ver com clareza no ensino bíblico. Ela será:

1. GLORIOSA (Mt 24.30).
“Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória”.
Será a revelação final do poder e da glória de Deus, quando todos os homens terão de se curvar diante de Deus e confessar o nome de Jesus Cristo como Senhor. (Fp. 2.11). Todos os seres celestes participarão desse evento. As leis da física cederão lugar a um ato milagroso e cheio de poder, dando passagem ao Filho de Deus! Jesus mesmo diz que ele virá com poder e “muita” glória! (Mt 24.30). A primeira vinda foi em humilhação, mas a segunda será em glória!


2. SÚBITA (Mt 24.37-44).
(37) Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. (38) Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, (39) e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem.  (40) Então, dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro; (41) duas estarão trabalhando num moinho, uma será tomada, e deixada a outra. (42) Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor. (43) Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa. (44) Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá.
Acontecerá de forma e em momento inesperado. Será como a vinda de um ladrão, e como as dores de um parto (Mt 24.37-44: I Ts 5.1-6).
Nem o próprio Jesus sabe quando será (Mc 13.22).
Isso não quer dizer que pode acontecer a qualquer momento, pois as escrituras falam de eventos que precisam acontecer antes da sua vinda. O ensino é claro, por não sabermos quando, devemos estar prontos para ela sempre.

3. VISÍVEL (Ap 1.7).
Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!
 “Todo olho o verá”. Não será um segredo ou particular, mas será pessoal e corpórea, ou seja, será perceptível e inconfundível (Mt 24.26,27). Aqueles que dizem que Cristo já retornou espiritualmente estão equivocados, pois a promessa é clara: “Todo olho o verá”. Aqueles que dizem que haverá duas ressurreições também estão equivocados, pois “todo olho o verá”, não um depois o outros, mas todos juntos: salvos e não salvos; crentes e incrédulos.
A segunda vinda também terá um alcance universal. Ninguém, de nenhuma época ou de qualquer lugar ficará de fora. Até os que participaram da crucificação de Cristo verão a sua volta em glória. Então, Ele será reconhecido como Rei e juiz do mundo. É interessante observar no discurso de Jesus em Mateus 24 e 25 que ele refere-se a si mesmo como o “Filho do Homem” somente até 25.34; após esse verso ele refere-se a si mesmo como o rei (v.34 e 40). Somente em 26.2 volta a dizer-se o Filho do homem, pois retoma o assunto da sua humilhação em Jerusalém.

4. DECISIVA (I Co 15.24-26).
(24) E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder.  (25) Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.  (26) O último inimigo a ser destruído é a morte.
Ela marcará o fim da história humana sob o poder do pecado. Hoje “todos estão marchando para encontrar-se com o Senhor”[1] (Bruce Milne).

Há três conceitos principais quanto a essa questão:
a)  Pré-milenistas = Crêem que Cristo voltará no começo do milênio profetizado em Ap 20.4-6 a fim de arrebatar a sua igreja e reinar com ela por mil anos sobre a terra; então o mal se levantará outra vez na grande tribulação (alguns discutem se a igreja passará ou não pela tribulação) e acontecerá a ressurreição dos incrédulos e o julgamento final. Somente então é que o diabo e seus demônios serão lançados no lago de fogo juntamente com os condenados. A grande dificuldade do pré-milenismo é lidar com a necessidade de separar a ressurreição dos justos e a dos injustos por mil anos, o que não parece ser o fato nas narrativas bíblicas, enfraquecendo o conceito da vinda decisiva de Cristo. O pré-milenismo se divide principalmente em dispensacionalistas e pré-milenistas históricos.

b)  Pós-milenistas = Ensinam que o conceito do milênio é puramente simbólico. A pregação do evangelho crescerá gradualmente até que o cristianismo conquiste toda a terra e a paz mundial seja alcançada. A parábola da mostarda e a do fermento são as bases fundamentais dessa linha de pensamento. Esse conceito tropeça na parábola do joio e do trigo, onde é dito que os dois crescerão juntos até que numa ação decisiva Deus ponha fim ao joio por meio de seu julgamento.

c)   Amilenistas = Crêem numa interpretação simbólica do milênio em função de somente Ap 20.4-6 falar dele. A linguagem de Apocalipse é altamente simbólica. O reino de Cristo será implantado definitiva e decisivamente no seu retorno. Todos os verdadeiros crentes já participam do reinado de Cristo em função da segurança de sua salvação. Ademais toda a linguagem bíblica demonstra haver apenas uma única ressurreição no final seguida apenas pelo juízo e a bem-aventurança eterna, nada mais. Tanto Mateus 24-26 como 1 Tessalonicenses 4 e 5 demonstram que não haverá duas ressurreições, mas apenas uma. Compare Mateus 24.30,31 com 25.31-33. Adiar o juízo final por mil anos parece quebrar a ligação óbvia que o Novo testamento faz entre a segunda vinda de Cristo e o juízo final (Mt 16.27; 25.31,32; Jd 14,15; 2 Ts 1.7-10; Ap 22.12).[2]
Portanto, a segunda vinda será decisiva, colocando fim a toda a história humana como a conhecemos agora.

II - O PROPÓSITO DA SEGUNDA VINDA:

         O propósito da segunda vinda é o estabelecimento final e completo do reino de Deus. O reino de Deus não é caracterizado por um governo político sobre uma região geográfica, mas é exatamente o reinado de Deus sobre todas as coisas que criou. O reino está onde Deus está. Sempre que Cristo reina nos corações das pessoas, o reino de Deus está ali
Lucas 11.20 = 20 Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente, é chegado o reino de Deus sobre vós.
Lucas 17.20,21 = (20) Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência.  (21) Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós.

A vinda de Cristo e do reino significa:
1. COMPLETAR A OBRA REDENTORA.
Naquele dia, nossa salvação será completa, e todos os inimigos de Deus serão removidos (I Co 15. 22-28; 54,55; Ap 12.7-11; 20.1-10).

2. RESSUSCITAR OS MORTOS (Jo 5.28).
Todos serão ressuscitados; bons e maus. Seu propósito é o juízo (Mt 25.31-46).

3. JULGAR TODOS OS POVOS (II Tm 4.1; At 17.31).
Este é o julgamento final (Mt 16.27; I Co 4.5; II Co 5.10).

4.     LIBERTAR A IGREJA.
 Deus livrará definitivamente de seus inimigos e recolherá seus eleitos para si, de todas as épocas (I Ts 4.17; Ap 6.9-11).

III. A IGREJA DEVE SE PREPARAR PARA ELA.

1.     Vigilância.
Uma vez que não se sabe a data da volta de Cristo e que ele virá numa hora em que ninguém espera (Mt 24.42,44), devemos estar alerta.
(42) Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor. (43) Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa. (44) Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá.
Quem supor que haverá muito tempo ainda até a sua volta e não se comportar apropriadamente será considerado um servo mau, e não poderá participar das bênçãos de sua volta (Mt 24.45-51).
Devemos vigiar exatamente para não supor que ele está demorando demais e assim relaxar na nossa vida cristã. O ato de vigiar não é apenas uma atitude intelectual, mas moral, de presteza espiritual. Vigiar não significa “buscar”, mas simplesmente “estar desperto”,[3] acordado, atento ao que está acontecendo.

2.     Esperança.
A vigilância nos livra de achar que Cristo vai demorar muito. A esperança nos livra de achar que ele já veio ou que virá cedo demais. As cinco virgens que acharam que o noivo não ia demorar não se precaveram e gastaram o seu azeite desnecessariamente (Mt 25.1-13). Os que perdem a esperança ou que não a tem perguntarão: “Onde está a promessa da sua vinda?” (2 Pe 3.3-4);
(3) tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões (4) e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.
Por isso zombarão do evangelho e serão surpreendidos pelo retorno definitivo de Cristo, não podendo entrar no descanso eterno. Não devemos ser apenas vigilantes, mas também esperançosos diante de aspectos aparentemente negativos da nossa fé.
Por outro lado, os cristãos são aqueles que estão “aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13).

3.     Serviço.
Finalmente, quando Jesus voltar deverá encontrar a sua igreja trabalhando; servindo às pessoas. A espera vigilante não pode significar ociosidade.[4] A parábola dos talentos (Mt 25.14-30) tem a finalidade de mostrar isso.Os servos que aumentaram a quantia que receberam além de elogiados receberam maiores responsabilidades, mas o que foi negligente foi repreendido e perdeu tudo o que recebera.

CONCLUSÃO:
         Fé e esperança devem dirigir a nossa vida enquanto esperamos a vinda de nosso Senhor e Salvador. A alegria de então compensará todos os sofrimentos de agora (Jo 16.22).
O mandamento de cristo é que não desanimemos em esperar, mas que estejamos atentos. Devemos “vigiar”.(Mc 13.37). O que isso significa?
1.     Viver uma vida consagrada (Rm 13.12-14); renunciar á paixões mundanas (Tt 2.11-13); buscar diligentemente auto-domínio e santidade (1 Pe 1.13-15). Santificação (1 Jo 3.3).
2.     Fidelidade naquilo que Deus confiou a nós até o seu retorno (1 Tm 6.14; 2 Tm 2.15).
3.     Buscar as coisas lá do alto em primeiro lugar (Cl 3.1-4).
(1) Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. (2) Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; (3) porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. (4) Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.
 (5) Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; (6) por estas coisas é que vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. (7) Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas.



[1] Bruce Milne, Conheça a Verdade, ABU, p.?
[2] Anthony A. Hoekema,  “Amilenismo”. Em: Milênio, LPC, p.145.
[3] Anthony A. Hoekema, La Bíblia e El Futuro,SLC, p.142.
[4] M. J. Erickson, “Segunda Vinda de Cristo”, EHTIC, vol. 3,  Vida Nova, p.370.

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