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Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
08 = 1 Timóteo 3.8-13– Os Diáconos. 25/09/2013
1. A igreja deve
observar os mandamentos bíblicos mais que as suas preferências pessoais. A diaconia não é um lugar para focalizarmos
holofotes, mas assim como no presbiterato, é um lugar para servir e de muito
serviço.
Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
08 = 1 Timóteo 3.8-13– Os Diáconos. 25/09/2013
Grupo de Estudo do Centro – Agosto a
Dezembro/2013
Liderança:
Pr. Hélio O. Silva e Sem. Adair Batista.
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A Mensagem de1 Timóteo – A Vida na
Igreja Local – John R. W. Stott, ABU, p.99-102.
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Introdução:
Art.
53 - O diácono é o oficial eleito pela igreja e ordenado pelo Conselho, para,
sob a supervisão deste, dedicar-se especialmente:
a) à
arrecadação de ofertas para fins piedosos:
b) ao
cuidado dos pobres, doentes e inválidos;
c) à
manutenção da ordem e reverência nos lugares reservados ao serviço divino;
d)
exercer a fiscalização para que haja boa ordem na Casa de Deus e suas
dependências.
O QUE É MESMO UM OFÍCIO?
Ofício = Ocupação; modo de vida; obrigação, dever; função;
mister; incumbência; encargo.[1]
É o reconhecimento oficial público por parte da igreja
para que o oficial aja em seu nome e a conduza na prática do serviço para o
qual foi regularmente eleito. É reconhecimento porque vê no oficial todas as
qualificações para o exercício da função para a qual foi regularmente eleito.
Consiste também da autorização
pública por parte da igreja para que o oficial aja em seu nome e a represente
no exercício de seu ofício (presbiterato ou diaconato). Pressupõe a vocação do
Espírito Santo e a ordenação e investidura pública por parte dos demais
oficiais da igreja (CI/IPB art. 108 e 109).
Oficial
= Proposto, ordenado ou anunciado por autoridade reconhecida; revestido de
todas as formalidades[2]
(ordenação e investidura). Na IPB, são aqueles que foram regularmente eleitos,
examinados e aprovados para o oficialato (pastores, presbíteros e diáconos).
Art.
25 - A Igreja exerce as suas funções na esfera da doutrina, governo e
beneficência, mediante oficiais que se classificam em:
a) ministros
do Evangelho ou presbíteros docentes; (Doutrina)
b)
presbíteros regentes;
(Governo)
c)
diáconos. (Beneficência)
§ 1.0
- Estes ofícios são perpétuos, mas o seu exercício é temporário.
§ 2.0
- Para o ofício de presbítero ou de diácono serão eleitos homens maiores de 18
anos e civilmente capazes.
Segundo
Charles R. Erdman, o significado bíblico do ofício quando aplicado aos
presbíteros é governo e representação.[4] No
caso dos diáconos, serviço beneficente e representação.
Beneficência
= ação de beneficiar; virtude de fazer bem; prática de obras de caridade ou
filantropia.[5] A
beneficência cristã não é praticada friamente, mas com compaixão, como
expressão do fruto do Espírito Santo na vida da igreja através de seus
diáconos. (Gl 5.22,23 = O fruto do Espírito é benignidade, bondade...).
Contexto:
A palavra diácono aparece cerca de 100 Vezes no Novo
Testamento. Pouquíssimas vezes a palavra diz respeito a um cargo oficial, mas a
uma função de auxílio. O diácono é “aquele que serve às mesas”, o “garçom”. O
uso do termo veio a relacionar-se a qualquer tipo de ajuda e cuidados pessoais.
Uma obrigação de todos os cristãos.
Os primórdios do diaconato estão em Atos 6, quando a
Igreja elegeu sete homens “de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria”
para o auxílio dos necessitados da igreja de Jerusalém.
Cerca de 30 anos depois os diáconos
já são mencionados por Paulo na introdução de sua carta aos Filipenses (1.1)
como participantes da liderança da Igreja. As cartas pastorais, especialmente 1
Timóteo trabalham o assunto pormenorizadamente. O objetivo delas é tratar da
organização das igrejas.
Proposição:
Paulo, seguindo as instruções dadas sobre as
características dos presbíteros, faz o mesmo sobre os diáconos.
I - O Diácono V. 8 - 10, 12 - 13
1) Semelhantemente.
Paulo não trata o diaconato como um
ofício menos digno que o de presbítero ou inferior a este quanto ao ofício,
pois as prerrogativas morais são praticamente as mesmas, embora as funções
sejam diferentes, e hierarquicamente os diáconos sejam assistentes dos
presbíteros.[6]
O
exercício da diaconia é o que se pode chamar de “a liturgia após a liturgia”,
visto que o serviço dos diáconos não aparece na liturgia do culto, mas tem o
seu lugar na vida prática da igreja após o culto. A diaconia da igreja,
liderada pelo trabalho dos diáconos é “a continuação no mundo da vida de
adoração da igreja”.[7]
2) As
Exigências.
a) Os
diáconos têm de ter domínio próprio
® Respeitáveis: Sérios, dignos,
honestos. As pessoas são dignas de respeito quando vivem com respeito pelos
outros. Levar em conta o valor das pessoas e não atropelar o direito dos
outros.
® De uma só
palavra. (mh dilogouj): “Não com palavra dupla”. Franz Rienecker[8] =
“Não dizer uma coisa para uma pessoa e outra para outra pessoa.” O diácono ouve
muitas “histórias” e suas “interpretações” no seu trabalho de assistência. Deve
ter cuidado de ser imparcial e não acudir ao “diz-que-me-diz” tornando-se um
falador ou fofoqueiro.
® Não
inclinados a muito vinho. A palavra é
mais forte que no v.3: (prosecontaj) - inclinado. Ter sua mente ligada nele; viciado; alcoólatra).
® Não cobiçoso
de sórdida ganância. Não avarento
(V.3). Eles eram responsáveis pelas ofertas e tesouraria das congregações.
b)
Os
diáconos têm de ter convicções ortodoxas.
® Conserva o
ministério da fé com consciência limpa. O
verbo conservar é um particípio presente ativo, o que indica que seu
procedimento deve estar acima de qualquer suspeita. Quando não há ganância é
mais fácil administrar as coisas de Deus. O mistério da fé é a soma total de
todas as verdades reveladas.[9]
· Ministério da fé - Cl 1.26,27 - aquilo que estava
oculto, mas que Deus revelou para os seus.
· A fé = cristianismo (objetivo).
· Consciência - o julgamento interior de si mesmo. Para
que a consciência seja limpa é preciso estar sob a influência do Espírito
Santo.
c)
Os
diáconos devem ser primeiro testados e aprovados.
® Experimentados. Adquiriram experiência depois de vários testes. Deus
é quem testa e aprova. Somente se mostrarem irrepreensíveis poderão exercer o
diaconato. Eles devem passar por um exame cuidadoso a fim de que sejam
avaliadas as convicções, caráter e dons.[10]
d)
Os
diáconos têm de ter uma vida familiar irrepreensível
® Marido de uma
só mulher. Mesmo que no verso 2:
Casado uma só vez.
® Governe bem
seus filhos e sua própria casa. Saibam
educar seus filhos e dirigir sua casa.
II – MULHERES AUXILIARES DOS
DIÁCONOS. V. 11
1) Da mesma
sorte.
A
mesma expressão de 3.8. Paulo está introduzindo o papel das MULHERES na
liderança da igreja.
2) Mulheres.
Muitos
estudiosos veem nesse texto uma base bíblica para a sustentação da ordenação
feminina, ao menos ao diaconato e o associam ao texto de Romanos 16.1 onde se
diz que Febe estava “servindo” (diakonon = substantivo
diácono) à igreja de Cencréia.
J. N. D. Kelly argumenta em seu
comentário que o termo diaconisa não aprece no texto bíblico porque ainda não
havia sido criado e complementa sua sustentação da proposta observando que a
história relata o trabalho de diaconisas com mulheres pobres, doentes,
assistência no batismo, recados oficiais etc. Em 111 d.C - Plínio torturou 2
senhoras que eram diaconisas.[11]
Também há referência no Séc. III ao trabalho de diaconisas na igreja. João
Crisóstomo se correspondia com Olímpia, a quem chama de diaconisa da igreja de
Constantinopla. Nos séculos III e IV o cargo já era comum em muitas igrejas.
Contudo,
o ofício de diaconisas não era um ponto doutrinário pacífico nas igrejas
primitivas e no decorrer dos séculos perdeu força e a argumentação contrária
alcançou a primazia.
William
Hendriksen aponta dois argumentos textuais que nos levam a pensar
diferentemente do exposto acima:
1º) O fato de
que Paulo não abre um parágrafo especial para tratar do serviço exercido por
essas mulheres sugere que não possuíam um ofício à parte dos diáconos.
Paulo fala dos diáconos nos versos 8-10 e retorna para eles nos versos 12 e 13.
Tudo o que é dito sobre elas está inserido dentro do ministério dos diáconos.
Hendriksen argumenta: “O
fato de que não se use um parágrafo especial, à parte, para analisar as qualidades
necessárias, mas que são introduzidas na esfera dos requisitos estabelecidos
para os diáconos, indica com igual clareza que não se deve considerar que essas
mulheres constituam um terceiro ofício na igreja, o ofício das diaconisas...”[12]
2º) A falta do
termo específico para as diaconisas. No verso 2 faz-se menção explícita ao
bispo (presbítero). No verso 8 e 12 faz-se menção explícita ao diácono. Mas no
verso 11 menciona-se as mulheres. É estranho, para quem conhece a forma tão
clara de Paulo argumentar em outros assuntos; que ele fosse tão impreciso assim
num assunto tão importante. O argumento de Kelly quanto a não criação do termo
é irrelevante, uma vez que a igreja gastara menos de 10 anos para criar um
termo técnico para os diáconos e presbíteros. Por que demoraria mais de dois
séculos para cunhar um termo específico para um ofício feminino?
Essa pergunta é ainda mais importante
se levarmos em conta as razões que levaram Paulo a escrever 1 Timóteo. Um de
seus objetivos mais claros era dar a Timóteo instruções precisas quanto à
organização da igreja a fim de corrigir conflitos graves quanto à liderança da
igreja onde algumas pessoas “inchadas” queriam ditar as normas de conduta da
igreja de Éfeso afastando-a da pureza do evangelho.
A conclusão de Hendriksen é que as
mulheres aqui mencionadas eram um grupo de auxiliares dos diáconos na execução
de seus serviços de auxílio aos necessitados da igreja local e os que dela
precisassem.[13]
É
preciso afirmar, no entanto, que tal conclusão não visa diminuir ou deixar de
reconhecer o ministério feminino nas igrejas. Nem que o pensamento de Paulo
aponta para um papel inferior da mulher na igreja. Reconhecemos e incentivamos
o seu trabalho, desde que eles sempre sejam realizados de acordo com o ensino
das escrituras e não além delas ou à parte delas, porque se isso acontecer não
poderá ser chamado de trabalho cristão.
3) Características:
a) respeitáveis
- vivam com respeito
b) Não
maldizentes (diabolouj) - Não fofoqueiras;
falar mal dos outros
c) Temperantes
- Saibam se dominar.
d) Fiéis em
tudo - Trabalham com fé e sejam
confiantes.
Conclusão:
Para
os que desempenham bem o seu ofício:
1) Justa
preeminência. Boa reputação e influência em meio dos irmãos.
Isso quer dizer que o trabalho diaconal da igreja
precisa aparecer mais. A proeminência é justa quando o trabalho realizado é
justo, isto é, acode aos necessitados verdadeiramente.
Ilustração: Em Genebra, no tempo de Calvino, o chamado Hospital
Geral da cidade estava a cargo da Junta Diaconal da Igreja. O Consistório
(conselho) havia subdividido os diáconos em dois grupos: Os diáconos
procuradores e os diáconos hospitaleiros. Os primeiros arrecadavam fundos para
o auxílio aos necessitados da cidade (viúvas, órfãos, pobres) e o segundo grupo
era quem geria e aplicava esses fundos no cuidado dos mesmos, especialmente no
hospital da cidade.
“A junta de
procuradores do hospital era uma das comissões que governavam a cidade. Os seus
membros eram eleitos a cada ano a partir de uma lista preparada pelo Pequeno
Conselho, o órgão dirigente do governo republicano que agora controlava
Genebra. Um procurador do hospital podia ser reeleito para vários mandatos.
Geralmente ele era um comerciante próspero ou um profissional. Mais tarde
tornou-se habitual que o Conselho pedisse sugestões ao pastor da cidade ao
elaborar a lista anual de procuradores. Estes se reuniam uma vez por semana,
geralmente bem cedo aos domingos, para analisar o funcionamento do Hospital
Geral e tomar decisões quanto a subsídios de assistência a famílias carentes
específicas.
O hospitaleiro era responsável pela
administração diária do Hospital Geral. Ele morava no próprio hospital com a
sua esposa e supervisionava o programa de assistência aos muitos necessitados
que ali também residiam, a maioria órfãos e menores abandonados, e alguns
deficientes físicos ou decrépitos. O hospitaleiro organizava equipes de
cozinheiros que faziam pão e vinho para os internos. Ele era auxiliado por um
professor para as crianças, um barbeiro-cirurgião e um farmacêutico que
ofereciam assistência médica, e serventes encarregados de tarefas mais simples.
A equipe devia produzir uma boa quantidade extra de pão que era distribuído uma
vez por semana a famílias pobres que necessitavam de auxílio temporário. Em sua
reunião semanal os procuradores preparavam uma lista dessas famílias.
Geralmente o hospitaleiro era um comerciante, muitas vezes um mercador idoso
que desejava uma ocupação mais sedentária.
Em Genebra, os procuradores e o hospitaleiro
do Hospital Geral, que correspondiam aos dois tipos de diáconos, ficavam sob a
supervisão dos pastores e presbíteros, representando a igreja, e de um dos
quatro síndicos (os magistrados governantes), representando o governo secular.
Vários desses oficiais supervisores deviam visitar e inspecionar o Hospital
Geral a cada três meses”.[14]
Os diáconos não são presbíteros, mas nem por isso seu
trabalho deve passar despercebido ou ser inferiorizado perante os olhos da
igreja. São funções diferentes prestando serviços diferentes.
Os diáconos não são presbíteros, por isso não devem
agir como se fossem. A diaconia da igreja trabalha ao lado da administração e
sob a sua supervisão. No entanto, o seu foco é outro.
2) Muita
intrepidez na fé em
Cristo Jesus.
Coragem e confiança diante dos homens e
de Deus. “Terão consciência de uma ousadia cada vez maior em proclamar o
Evangelho, e também uma ousadia cada vez mais profunda na sua aproximação de
Deus”.[15]
Tudo isso motivado pela fé em
Cristo Jesus.
Aplicação:
A Primeira Igreja de Goiânia deverá eleger alguns
diáconos no próximo dia 10/11. O que ela precisa observar ao aplicar as
Escrituras nesse processo?
2.
O diaconato é muito mais que os serviços
da porta e das escalas semanais. Há trabalho cristão a ser feito, e à
semelhança dos diáconos de Genebra, precisamos eleger homens de caráter, zelo e
disposição para o serviço.
3.
Toda eleição visa o bem da igreja e seu
serviço fiel. Não nos ausentemos da Assembléia. A convocação da Assembléia da igreja não é uma
oportunidade para “chacarear”; “caldasnovear”; “fazendeirar” ou simplesmente ficar
em casa orando no monte (“monte de cobertas”). Votar na Assembléia é buscar a vontade
de Deus para a vida da igreja; não vir votar é dar às costas o que a Bíblia
ordena fazer, porque você crê.
4.
Nossa esperança e expectativa é que o
serviço da Junta Diaconal melhore cada dia mais, mas para que isso aconteça
é necessário que os melhores homens da igreja estejam trabalhando na Junta
Diaconal tanto como no Conselho, para a glória de Deus. E Deus escolheu fazer
isso por meio do voto da igreja presente e devidamente instruída na Sua Palavra
para votar.
[1] Dicionário Brasileiro Globo, “Ofício”.
[2] Dicionário Brasileiro Globo, “Oficial”.
[3] Manual Presbiteriano, 2ª ed, ECC,
Constituição da IPB, p.18, 19, 25, 26,
34, 46
[4] Charles
R. Erdman. O Presbítero, Antigo Ancião
Governante. p.12,13.
[5] Dicionário Brasileiro Globo,
“Beneficência”.
[6] John
Stott. A Mensagem de 1 Timóteo – A Vida
na Igreja Local. ABU, p.90.
[7]
Carter Lindberg, citado por Alderi S. Matos; “Amando a Deus e ao Próximo: João
Calvino e o Diaconato em Genebra”. Fides
Reformata, vol. II, nº 2, Jul-dez/1997, p.69.
[8]
Rienecker e Rogers. Chave Linguística do
Novo Testamento Grego. Vida Nova, p. 462.
[9] John
Stott. A Mensagem de 1 Timóteo – A Vida
na Igreja Local, ABU, p. 100.
[10] John
Stott. A Mensagem de 1 Timóteo – A Vida na Igreja Local. ABU, p. 100.
[11] J. N.
D. Kelly. I e II Timóteo e Tito,
Introdução e Comentário, Vida Nova/Mundo Cristão, p. 84/85.
[12] William
Hendriksen, 1 Timóte, 2 Timóteo e Tito,
ECC, p;168.
[13] William
Hendriksen, 1 Timóte, 2 Timóteo e Tito,
ECC, p;169.
[14]
Alderi S. Matos; “Amando a Deus e ao Próximo: João Calvino e o Diaconato em
Genebra”. Fides Reformata, vol. II,
nº 2, Jul-dez/1997, p.83.
[15] J. N.
D. Kelly. I e II Timóteo e Tito,
Introdução e Comentário. Vida Nova, p. 86.