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06 = 1 Timóteo 2.8-15 - Atribuições Segundo o Sexo no Culto Público


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Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
06 = 1 Timóteo 2.8-15 –Atribuições Segundo o Sexo, No Culto Público. 18/09/2013

Grupo de Estudo do Centro – 
Agosto a Dezembro/2013
Liderança: Pr. Hélio O. Silva e 
Sem. Adair Batista.
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A Mensagem de1 Timóteo – A Vida na Igreja Local – John R. W. Stott, ABU, p.71-87.
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            O assunto do culto público abordado por Paulo e tratado na primeira parte deste estudo, prossegue nesta segunda parte. Todavia, ele passa da prioridade e amplitude do alvo das orações da igreja local para os papéis que homens e mulheres devem desempenhar, bem como para como devem se comportar quando a igreja se reúne em culto. Ele delineia os deveres dos homens em relação à oração (v. 8) e os deveres das mulheres em relação ao vestir-se, ao estilo de seu penteado, ao uso de joias (vv. 9 e 10) e, ainda, em relação aos homens (vv. 11-15).
            Estes são os versículos mais controvertidos das Cartas Pastorais. Têm sido muito estudados e discutidos, principalmente nos debates recentes da igreja sobre ordenação e ministério de mulheres. O estudo destes oito versículos e as conclusões tiradas dependerá em muito de dois princípios hermenêuticos considerados fundamentais, a saber: os princípios da harmonia, e histórico.

a. Princípios hermenêuticos

            O princípio da harmonia diz respeito ao fato de cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita, e cremos também que, quando Deus fala, ele não se contradiz. Isto significa que buscaremos encontrar uma harmonia natural, interpretando cada texto dentro do contexto bíblico. Assim, ao abordar estes versículos sobre o papel da mulher na igreja, não vamos isolá-los de uma afirmação básica das Escrituras com respeito à igualdade entre homens e mulheres em seu valor e dignidade, por criação e redenção. Não há diferença alguma entre os sexos tanto na imagem de Deus que levamos como também em nossa condição de filhos de Deus pela fé em Cristo. Toda a ideia de superioridade ou inferioridade de um dos sexos tem de ser descartada.
            O segundo princípio, o histórico, afirma que Deus sempre proferiu a sua palavra num ambiente cultural e histórico em particular, especialmente o do antigo Oriente Próximo (AT), o do judaísmo palestino (os evangelhos) e o do mundo greco-romano (o restante do NT). Nenhuma palavra foi proferida num vácuo cultural; toda palavra foi dita num contexto cultural. Deus usou da acomodação linguística, isto é, falou a homens utilizando palavras que lhes eram familiares e cujos significados lhes era compreensível. Entretanto, isto cria problemas de interpretação para nós. Isto porque as Escrituras são uma mistura, em substância e forma, da verdade eterna (que transcende a cultura) com sua apresentação cultural e passageira. A primeira é imutável e normativa; a segunda é local e mutável. Como distingui-las? De um modo mais particular, como considerar o elemento cultural nas Escrituras? Há três respostas possíveis:
(a) há os que entronizam a forma cultural dando-lhe a mesma autoridade normativa que atribuem à verdade que expressam;
(b) há os que se recusam a diferenciar, nas Escrituras, uma verdade eterna de sua expressão cultural, e caem no extremo oposto. Longe de entronizá-las, tanto uma quanto a outra, eles as descartam; e,
(c) há, ainda a “transposição cultural”. Por ela, temos de discernir nas Escrituras o que é revelação de Deus em essência (o que é imutável) e o que é expressão cultural (que é mutável). Isto nos permite preservar o primeiro como permanente e universal e fazer a transposição do segundo para termos culturais atuai.
Os versículos de 8 a 15 serão tratados mediante a transposição cultural, admitindo-se que são aplicáveis a três tópicos, a saber, nas orações dos homens (v.8), nos adornos femininos (vv. 9-10) e na sujeição das mulheres (vv. 11-15).

Vamos as considerações sobre estes versículos:
i. Os homens e suas orações (v.8)
Sempre que uma oração for feita em público, a postura dos homens deve ser levantando as mãos santas, sem ira e sem discussões (v.8). Três impedimentos às orações, a saber: o pecado, a ira e as contendas. O Sl 24 nos adverte que aquele que quer subir ao monte do Senhor e permanecer tem de ser “limpo de mãos e puro de coração”. Paulo também se refere “ao sinal visível de uma realidade interior, pois nossas mãos indicam um coração puro”. É inútil estender as mãos a Deus, em oração, se estiverem manchadas pelo pecado. Igualmente não é apropriado buscarmos a Deus quando damos guarida ao ressentimento e à amargura contra o próprio Deus e aos semelhantes. É necessário, Jesus insistiu, que a reconciliação deve preceder o culto a Deus.
Santidade, amor e paz devem sempre acompanhar nossas orações, independente da postura que assumimos (se de pé, ajoelhados, encurvados, com o rosto em terra, assentados, etc), embora certo comentarista nos exorte com as seguintes palavras: “uma posição relaxada do corpo, num momento de oração, é abominação ao Senhor”. Nossa posição deve estar de acordo com nossa cultura e expressar nossa devoção interior.

ii.  As mulheres e seus adornos (vv. 9-10)
a)      Paulo recomenda que as mulheres devam vestir-se com traje decente, isto é, devem ser discretas e modestas no seu trajar e não usar nenhuma peça do vestuário intencionalmente sugestiva ou sedutora. Isto é um princípio universal.
b)      Paulo recomenda ainda que não deviam usar determinados penteados, adornos para cabelo e vestuário dispendioso. Esta recomendação é uma expressão cultural (mutável).
c)      Por fim, ele recomenda que se ornem com boas obras, lembrando-lhes de dois tipos de beleza, a física e a moral, a beleza do corpo e beleza do caráter. As mulheres não devem esquecer-se de que, mesmo que por natureza não sejam bonitas, a graça pode torná-las belas; e se por natureza sejam bonitas, as boas obras muito podem acrescentar à sua beleza.
Além disso, os homens podem colaborar nesse processo, reconhecendo e elogiando nas mulheres a beleza de ser tal como Cristo.
Pedro também contrastou “cabelos trançados, joias de ouro e roupas finas” com o “ser interior, que não perece, beleza mostrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande valor para Deus” (I Pe 3.3-4). O Senhor valoriza isto, nós também devemos fazê-lo.

iii. As mulheres e suas funções (vv.11-15)
Muitas propostas exegéticas e linguísticas têm falhado na explicação destes 5 versículos. O Dr Stott afirma que: “as instruções de Paulo abrangem apenas o princípio universal da submissão feminina à ‘liderança’ masculina e não expressam uma situação mutável em função da cultura” (é, portanto, uma verdade eterna, grifo meu [adair]).
A síntese dele é a seguinte: Assim como os homens devem orar em santidade, amor e paz e não levantando as mãos ao fazerem isso; as mulheres devem adornar-se com modéstia, decência e boas obras, mas não abstendo-se, necessariamente, de todo o tipo de penteado; assim também as mulheres devem submeter-se à supremacia (responsável) de homens, não procurando reverter as funções devidas a cada sexo, mas sem que isso necessariamente as impeça de ensinar-lhes.
No versículo 13 ele (Paulo), nos dá uma base bíblica para o que escrevera nos vv. 11 e 12. Dos homens e mulheres de seus dias, ele se volta para Adão e Eva. Seu argumento quanto à “ascendência” masculina é baseado nos acontecimentos da criação e queda. Por ter sido criado primeiro, isso dá ascendência a Adão (v. 13) ao passo que a insensatez de Eva ao desafiar isso a levou à calamidade (v. 14).
No versículo 15 ele afirma que a missão de mãe da mulher a salvará, ele efetivamente lembra que Cristo nascera de uma mulher, dando desta forma uma conotação espiritual, pois, Cristo é o meio (veículo) pelo qual a salvação vem. Ele é “o único mediador entre Deus e os homens”. Ele é Deus que se tornou humano ao nascer de uma mulher, conforme a promessa divina ocorrida na queda, que a futura redenção se daria através da semente da mulher, cf. Gn 3.15. A serpente tinha enganado a mulher; a descendência da mulher derrotaria a serpente.

PRA PENSAR:
Definindo os papéis.

1 – As questões abordadas acima são complexas. É necessário refletir sobre elas e definirmos com mais clareza a questão da complementaridade. Como definir a complementaridade dos sexos (incluindo noções de “ascendência” e “submissão”), não apenas física e psicologicamente, nem ainda culturamente (em termos de estereótipos populares ligados ao sexo da pessoa), mas também psicologicamente e em particular, biblicamente?

2 – O que as Escrituras ensinam sobre a essência (permanente e universal) de termos sido criados como macho e fêmea? O que a criação estabeleceu, a cultura pode expressar, mas não destruir.
3 – Uma vez que a complementaridade dos sexos foi definida biblicamente, quais são os papéis e as responsabilidades que pertencem propriamente aos homens e não às mulheres, e quais os das mulheres e não dos homens?

4 – Que símbolos visíveis em nossa cultura em particular expressariam de forma adequada a complementaridade sexual que as Escrituras estabelecem como normativa?  

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