Pular para o conteúdo principal

Aula 27 - Natureza e Conteúdo do Pacto da Graça


Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Classe de Doutrina II – Quem é o Homem Para Que Dele Te Lembres?
Professores: Pr. Hélio O. Silva e Presb. Baltazar M. Morais Jr.
-----------------------------------------------------------------------------------
Aula 27 = Natureza e Conteúdo do Pacto da Graça (20/11/2011).
-----------------------------------------------------------------------------------

I. Comparação da Aliança da Graça com a Aliança das Obras.
1) PONTOS DE SEMELHANÇA.
As duas alianças concordam quanto
(a) ao autor: Deus é o autor de ambas; somente Ele poderia estabelecer tais alianças;
(b) às partes contratantes que, em ambos os casos, são Deus e o homem;
(c) à forma externa, a saber, a condição e promessa;
(d) ao conteúdo da promessa que, nos dois casos, é a vida eterna; e
(e) ao objetivo geral, que é a glória de Deus.

2) PONTOS DE DIFERENÇA.


II. As Partes Contratantes.
Como na aliança da obras, na aliança da graça Deus é a primeira parte contratante, a parte que toma a iniciativa, e por Sua graça determina a relação que a segunda parte manterá com Ele. Contudo, Ele comparece nesta aliança não apenas como um Deus soberano e bondoso, mas também, e especialmente, como um Pai misericordioso e perdoador, disposto a perdoar o pecado e a restaurar os pecadores à Sua bem-aventurada comunhão.

Deus entrou em relação pactual com os eleitos ou com o pecador eleito em Cristo. Bullinger afirma que “a aliança de Deus inclui a semente completa de Abraão, isto é, os crentes”. Isso está em harmonia com a interpretação que Paulo faz de “semente” em Gl 3.16,19,29. Oleviano, co-autor com Ursino do catecismo de Heidelberg, assevera que Deus estabeleceu a aliança com “todos os que Deus, da multidão de perdidos decretou adotar pela graça como filhos, e dotar de fé”.

A idéia de que a aliança só é realizada plenamente nos eleitos é uma idéia perfeitamente bíblica (Jr 31. 31-34; Hb 8.8-12). Além disso, ela está em plena harmonia com a relação da aliança da graça com a aliança da redenção. Se nesta Cristo é Fiador somente para os eleitos, então a substância real da primeira se limita necessariamente a eles também. A escritura salienta vigorosamente o fato de que a aliança da graça, em distinção da aliança das obras, é uma aliança inviolável, na qual as promessas de Deus sempre são cumpridas (Is 54.10). isto não pode ser planejado condicionalmente pois, neste caso, não seria uma característica especial da aliança da graça, mas se aplicaria à aliança das obras também. Todavia, precisamente este é um dos pontos mais importantes em que aquela difere desta, que não depende da incerta obediência do homem, mas unicamente da absoluta fidelidade de Deus. As promessas da aliança serão cumpridas com certeza, mas somente nas vidas dos eleitos.

Pode-se definir a aliança da graça como o acordo feito, com base na graça, entre o Deus ofendido e o pecador ofensor, porém eleito, no qual Deus promete a salvação mediante a fé em Cristo, e o pecador a aceita confiantemente, prometendo uma vida de fé e obediência.

III. O Conteúdo da Aliança da Graça.
Todo pacto tem dois lados; oferece certos privilégios e impõe certas obrigações. Há nele promessas e exigências.
1. AS PROMESSAS DE DEUS.
A principal promessa de Deus, que inclui todas as outras promessas, está contida nas seguintes palavras, freqüentemente repetidas: “serei Deus para ti e para a tua semente, depois de ti”, Gn 17.7. Encontra-se esta promessa em várias passagens do Velho e do Novo Testamentos que falam da introdução de uma nova fase da vida pactual, ou se referem a uma renovação da aliança, Jr 31.33; 32.38-40; Ez 34.23-25, 30, 31; 36.25-28; 37.26,27; 2 Co 6.16-18; Hb 8.10. A promessa será cumprida plenamente quando, afinal, quando a nova Jerusalém descer do céu, da parte de Deus e o tabernáculo de Deus for montado entre os homens (Ap 21.3).
Esta única promessa realmente inclui todas as outras promessas, tais como: (a) a promessa de diversas bênçãos temporais, que muitas vezes servem para simbolizar as de natureza espiritual; (b) a promessa de jurisdição, incluindo a adoção de filhos e o direito à vida eterna; (c) a promessa do Espírito de Deus para a plena e livre aplicação da obra de redenção e de todas as bênçãos da salvação; e (d) a promessa de glorificação final numa vida que jamais terá fim (Jó 19.25-27; Sl 16.11; 73.24-26; Is 43.25; Jr 31.33, 34; Ez 36.27; Dn 12.2, 3; Gl 4.5, 6; Tt 3.7; Hb 11.7; Tg 2.5).

2. A RESPOSTA FAVORÁVEL DO HOMEM.
As obrigações ou exigências do pacto não têm caráter meritório porque o próprio pacto é fruto da graça de Deus. O homem nada merece por satisfazer as exigências do pacto uma vez que todas as exigências do pacto são supridas pelas promessas de Deus, ou seja, Deus promete dar ao homem tudo o que dele exige.
Naturalmente, o assentimento ou resposta favorável do homem a essas promessas de Deus aparece em várias formas:
(a) Em geral, a relação entre a aliança de Deus e o crente individual ou os crentes coletivamente considerados, é representada pela íntima relação de noivo e noiva, esposo e esposa, pai e filhos. Isto implica em um amor verdadeiro, fiel, confiante, consagrado e devotado a Deus.
(b) À promessa geral, “Eu serei o teu Deus”, o homem responde dizendo, “pertencerei ao Teu povo”.
(c) E à promessa de justificação para perdão de pecados, a adoção de filhos e a vida eterna, ele responde com a fé salvadora em Jesus Cristo, com a confiança depositada nele para o tempo e a eternidade, vivendo em uma nova obediência e consagração a Deus.

-------------------
Bibliografia: Louis Berkhof. Teologia Sistemática. ECC, p. 268-273. / Louis Berkhof, Manual de Doutrina Cristã, CEIBEL, p. 156.

Postagens mais visitadas deste blog

A Armadura de Deus (1ª parte) - Efésios 6.14-17

Pastoral: A Armadura de Deus (Efésios 6.14-17) Por que muitos crentes ignoram os ensinamentos bíblicos quanto à armadura de Deus? Porque muitos crentes conhecem pouco da Palavra de Deus, outros tantos duvidam da visível atuação de Deus, muitos a ignoram, outros porque julgam ser um exagero de Paulo na sua linguagem, outros acham que essa época já passou, alguns por pura negligência mesmo, e outros mais, por causa de já terem sofrido tantas derrotas que já estão praticamente inutilizados em sua espiritualidade pelo inimigo.   Por outro lado, há daqueles que estão lutando desesperadamente, mas com as armas que não são bíblicas.      A exortação de Paulo é para que deixemos de ser passivos e tomemos posse das armas espirituais que em Cristo Deus coloca à nossa disposição. É a armadura de Deus que nos permitirá resistir no dia mal, conduzir-nos à vitória e garantir a nossa permanência inabalável na fé.           Paulo não está falando de armas físicas que dev

O Uso da Sarça Como Símbolo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB)

O Uso da Sarça Como Símbolo da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) O artigo da Wikipedia sobre a sarça ardente ("Burning bush") informa que ela se tornou um símbolo popular entre as igrejas reformadas desde que foi pela primeira vez adotada pelo huguenotes em 1583, em seu 12º sínodo nacional, na França. O lema então adotado, "Flagor non consumor" ("Sou queimado, mas não consumido") sugere que o símbolo foi entendido como uma referência à igreja sofredora que ainda assim sobrevive. Todavia, visto que o fogo é um sinal da presença de Deus, aquele que é um fogo consumidor (Hb 12.29), esse milagre parece apontar para um milagre maior: o Deus gracioso está com o seu povo da aliança e assim ele não é consumido. O atual símbolo da Igreja Reformada da França é a sarça ardente com a cruz huguenote. A sarça ardente também é o símbolo da IP da Escócia (desde os anos 1690, com o lema "Nec tamen consumebatur" - E não se consumia), da IP da Irlanda

21 = Oração Pelo Ministério - Romanos 15.30-33 (2)

Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO Grupo de Estudo do Centro – Fevereiro a Junho/2013 Liderança: Pr. Hélio O. Silva , Sem. Adair B. Machado e Presb. Abimael A. Lima. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 = Oração Pelo Ministério – Romanos 15.14-33 (2) .          26/06/2013. Um Chamado à Reforma Espiritual – D. A. Carson, ECC, p. 216 a 229. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30 Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor,   31 para que eu me veja livre dos rebeldes que vivem na Judéia, e que este meu serviço em Jerusalém seja bem aceito pelos santos;   32 a fim de que, ao visitar-vos, pela vontade de Deus, chegue à vossa presença com alegria e possa recrear-me convosco.   33 E o Deus da paz seja com todos vós.