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A Verdadeira Religião Consiste Em Larga Escala de Afetos - Observações 9 e 10.

Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Grupo de Estudo do Centro – Uma Fé Mais Forte Que As Emoções
Liderança: Pr. Hélio O. Silva e Sem. Rogério Bernardes.
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Exposição 05 = A Verdadeira Religião Consiste Em Larga Escala De Afetos (Observações 9 e 10 e Conclusão). 17/08/2011
Uma Fé Mais Forte Que As Emoções – Jonathan Edwards (p. 52-59)

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Edwards definiu "afetos" ou "afeições" pelas disposições do coração que nos inclinam para certas coisas e nos afastam de outras. Todas as nossas ações derivam dos nossos desejos. A verdadeira vida cristã depende do cultivo das inclinações certas da vontade e dos afetos na direção de uma vida santa. Após essa definição, Edwards faz 10 observações que comprovam a sua tese:

9. Os decretos e deveres de Deus são meio e expressão da verdadeira religião.
Nas escrituras Deus não só nos revela a sua vontade como também nos ensina por meio de seus mandamentos como cumpri-la.
a) Devemos orar.
O chamado à oração não visa a que declaremos as perfeições de Deus, porque quem somos nós para fazê-lo em função das debilidades de nossa natureza humana pecaminosa. Por os mesmo nada merecemos de Deus e a ele nada acrescentamos. Somos chamados a orar a fim de que Deus toque nossos corações com o que expressamos e dessa forma sejamos preparados para receber as bênçãos que pedimos. A nossa postura humilde e submissa na oração e na adoração afeta tanto a nós mesmos quanto aos outros.
b) Devemos cantar Louvores.
O objetivo divino na música parece indicar tão somente nos instigar a expressar nossos afetos para com Deus e para Deus.
c) Devemos Participar dos Sacramentos.
Esse mesmo princípio é visto e aplicado aos sacramentos. Os sacramentos são representações visíveis do evangelho que tem por finalidade nos “afetar ainda mais” (Uma Fé Mais Forte Que As Emoções, p.59). Isso significa que visam produzir em nós reações positivas ao evangelho de amor e alegria.
d) Devemos ouvir a pregação da palavra.
A impressão das coisas divinas em nossos corações é a forma que Deus estabeleceu para nos transmitir a sua palavra. As escrituras não nos foram dadas para alimentar a produção de comentários, exposições ou outros livros de teologia. Estes são úteis, mas não substituem jamais o contato direto com as escrituras. A pregação das escrituras tem a finalidade específica de enfatizar a glória e a suficiência da provisão divina, provocando nossas mentes à lembrança das maravilhas da verdadeira religião e consagração a Deus (II Pe 1.12,13). Pregar a palavra é promover a expressão tanto do amor quanto da alegria entre os cristãos (I Tm 1.3-5; II Co 1.24).


10. Dureza de coração é pecado.
Santidade é a expressão externa do amor de Deus no coração. Logo a dureza de coração é uma associada do pecado nas escrituras. Cristo ficou irado com a dureza de coração das pessoas ao se redor (Mc 3.5). a teimosia do coração atrai a ira de Deus sobre os homens (Rm 2.5). A dureza de coração levou Israel à desobediência a Deus (Ez 3.7). Maldade e rebeldia de Israel no deserto é atribuída à dureza de coração (Sl 95.7-10). Zedequias não quis voltar-se para Deus durante o cerco de Jerusalém porque endureceu o seu coração (II Cr 36.13). Esse mesmo princípio foi obstáculo à pregação do evangelho em Atos (At 19.9).
Quando Deus entrega os homens ao seu próprio pecado é dito que “Deus endureceu o seu coração” (Rm 9.18; Jo 12.40). Para ouvir a Deus é preciso não endurecer o coração (Hb 3.8,12,13). A grande obra salvação é exatamente substituir o nosso coração de pedra (duro) por um coração de carne (Ez 11.19; 36.26).
O coração duro é o coração que se tornou indiferente, sem afeição pelas coisas de Deus. Ele é insensível, estúpido, intocável e difícil de convencer. É um coração que não se comove, que não tem sentimentos, e que, portanto, não se move em direção a Deus.
Por outro lado o coração sensível, de carne, se impressiona com facilidade. Deus elogiou Josias porque seu coração era sensível, estando aberto para Deus (II Rs 22.19). O homem que é constante no temor do Senhor é feliz, mas o endurecido cairá em desgraça (Pv 28.14). Se o pecado consiste basicamente na dureza de coração e ausência de afetos santos, então a santidade bíblica consiste muito na posse desses afetos.
É claro que dureza de coração não quer dizer total insensibilidade. Dureza ou sensibilidade de coração são expressões que se relacionam com as emoções e denotam o que toca o coração e o que ele ignora.

Conclusão:
A religião verdadeira é permeada por afetos, que são reações e inclinações carregadas de emoções positivas que nos inclinam para a santidade cristã. Isso não quer dizer que a santidade verdadeira seja exatamente proporcional à quantidade de nossas afeições, porque os crentes manifestam muitas afeições que não são em nada espirituais. Em nós, antes da glorificação, vivemos afeições santas e mundanas de forma misturada. Nem tudo vem da graça, pois muito vem da própria natureza humana.
Ainda que tenhamos hábitos santificados, isso não quer dizer que a força do hábito será proporcional aos efeitos e evidências práticas de uma fé verdadeira sempre. Mas, mesmo assim, a vida cristã é permeada por expressões de afetos e sentimentos sem os quais não é possível uma expressão verdadeira de uma vida santa na terra.

1. Reconheça a gravidade de descartar todos os afetos religiosos como se fossem destituídos de solidez e substância.
Essa é uma reação comum quando observando que há exageros por parte daqueles que não aparentam ter experimentado mudanças visíveis deslocamo-nos para o outro extremo. Um erro não justifica o outro. Destituir a experiência religiosa de afetos é matá-la. Uma espiritualidade religiosa sem expressões emocionais de amor e alegria intensas é uma espiritualidade morta. Ainda que seja verdade que não pode haver religião verdadeira onde há emocionalismo, também é verdade que não existirá religião verdadeira onde estes também são reprimidos ou suprimidos completamente.
É preciso que haja entendimento e fervor (Mt 21.29). Um sem o outro não terá nada divino. Desvalorizar os afetos religiosos é o caminho para endurecer o coração, abafar a graça e reduzir a vida da igreja à estagnação e apatia! Quem condena os afetos calorosos nos outros por certo não os possui, tem pouca afeição ativa no coração e tem muito pouca religião (Uma Fé Mais Forte Que As Emoções, p.64).

2. Se a verdadeira religião está nos afetos então deveríamos fazer o possível para estimulá-los.
Os livros, sermões e liturgias que nos ajudam a adorar a Deus expressando corretamente nossas afeições devem ser encorajados. Mas a apatia na oração e na pregação consistem em grande prejuízo para as almas dos santos e daqueles que precisam conhecer a graça do evangelho.

3. Se a verdadeira fé é permeada por afeições, então precisamos reconhecer envergonhados diante de Deus que temos sido muito pouco afetados pelas coisas da fé.
Deus nos nutriu com afetos para que possamos servir, mas as pessoas exercitando suas emoções e afeições em tudo, menos no serviço da glória de Deus! As pessoas têm ficado profundamente deprimidas com perdas materiais e altamente empolgadas com o sucesso galgado nesse mundo. O mesmo não acontece com suas necessidades e obrigações espirituais.

Não devemos usar de forma errada nossas afeições e sentimentos, mas devemos consagrá-los integralmente ao serviço de Deus. Precisamos muito mesmo nos humilharmos no pó, porque não fomos tocados de modo suficiente para ver mudanças mais aparentes na nossa experiência de fé cristã.

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