(Adão, Eva e a Morte - Lívia Sally Freitas Silva - Junho/2011 - UFGO)
Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Classe de Doutrina II – Quem é o Homem Para Que Dele Te Lembres?
Professores: Pr. Hélio O. Silva e Presb. Baltazar M. Morais Jr.
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Aula 18 = A MORTE (14/08/2011).
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1. O Conceito Bíblico de Morte
Antes de tudo, é necessário entender a idéia de morte. Morte não é extinção, não é aniquilamento, nem cessação de existência, mas separação.
O homem foi criado imortal. Quando ele pecou, ele não deixou de ser imortal, se por imortalidade entendemos a existência continuada, mas ele morreu, isto é, ele ficou separado de si mesmo e de Deus.
2. A Causa Judicial da Morte
"A morte é o salário do pecado" (Rm 6.23). “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18.4).
A morte é o resultado óbvio do pecado, mas não é o resultado natural do pecado do homem, nem podemos crer que o homem morreria de qualquer maneira. A morte não é parte da natureza humana. O homem não foi criado no estado de morte e nem para a morte. O homem foi criado para viver com Deus, glorificando-o como seu criador e gozando alegria nele.
A doutrina pelagiana afirma que o homem morreria de qualquer forma. Mesmo que o homem não houvesse pecado, a morte já fazia parte da criação. Para eles a morte é o seguimento natural na vida do ser humano não tem nada a ver com a punição do pecado. Eles separam o conceito de morte física e morte espiritual, no entanto, essa separação não está nas escrituras. Uma é conseqüência da outra e ambas não foram programadas para ser a experiência natural da vida humana.
Alguns discípulos de Barth diriam que o problema da morte está vinculado ao fato do homem ser finito. O pecado apenas complica o problema da finitude do homem.
Os Calvinistas, contudo, entendem que a morte é uma imposição penal de Deus sobre o homem pecador. A morte é algo passivo. Não escolhemos morrer, simplesmente morremos. É algo que sofremos, uma execução com base na violação da lei estabelecida.
Desde os primeiros concílio regionais da igreja Cristã se tem defendido que a morte é castigo, não natural à existência humana original. Num dos Concílios de Cartago, foi dito: "Se alguém disser que Adão foi criado mortal de tal forma que ele teria morrido no corpo se tivesse pecado ou não, seja anátema." Portanto, não podemos aceitar a morte como natural, mas como uma imposição judicial de Deus por causa do pecado.
Lutero foi veemente na sua idéia da causa da morte: "A morte dos seres humanos é, portanto, diferente da morte dos animais. Este morrem por causa da lei da natureza. Nem é a morte do homem um evento que ocorre acidentalmente ou que tenha meramente um aspecto de temporalidade. Ao contrário, a morte do homem, se assim posso falar, foi ameaçada por Deus e é causada por um Deus encolerizado e estranho. Se Adão não houvesse comido da árvore proibida, ele teria permanecido imortal. Mas porque ele pecou pela desobediência, ele sucumbe à morte como os animais que estão sujeitos a ele. Originalmente, a morte não foi parte de sua natureza. Ele morre porque provoca a ira de Deus. A morte é, em seu caso, a consequência merecida inevitável de seu pecado e desobediência."
A morte do homem, portanto, tem conexão com a justiça divina. Não somente é uma trajédia, mas uma penalidade, uma imposição judicial da qual nenhum pecador foge. Em Apocalipse, a morte como penalidade divina sobre o pecado é chamada de “segunda morte” (Ap 2.11; 20.6,14; 21.8).
3. A Morte e o Evangelho de Cristo.
As boas novas segundo o Novo Testamento são que Cristo, que era impecável, e que por isso não precisava morrer, experimentou a morte em nosso lugar (substitutiva, vicária) e a nosso favor (propiciatória, expiatória) a fim de pagar o preço da culpa de nossos pecados (remição, redenção). A sua morte foi um sacrifício pelos nossos pecados visando livrar-nos da morte e da sua punição (Fp 2.7; I Co 5.7; Gl 1.3-5; II Co 5.21; I Pd 3.18). Ele morreu por nós (Mc 10.45; Rm 5.6; I Ts 5.10; Hb 2.9), venceu a morte e o diabo, possuindo poder sobre eles (Hb 2.14,15). Cristo é aquele que possui as chaves da morte (Ap. 1.17,18).
Cristo quebrou o poder da morte sobre os seus seguidores. Cristo e seus discípulos foram unidos pelo sacrifico da cruz de tal modo que depois da cruz, os que são de Cristo crucificaram a carne e seus apetites (Gl 5.24) sendo separado a partir de então do mundo e não mais de Deus, pelo qual se tronaram filhos adotivos em Cristo. Ao livrar-nos da morte, Cristo passou a viver em nós por meio de seu Espírito Santo (Gl 2.20; Cl 3.3).
Por isso, os que se entregam a Cristo passam da morte para a vida (Jo 5.24) e nunca verão a morte verdadeira (Jo 8.51,52). Quem crê em Cristo, ainda que morra viverá (Jo 11.25,26) e jamais experimentará a segunda morte (Ap.20.14).
Os cristãos continuam sendo mortais. Os q morrem, “morrem em Cristo” (I Ts 4.16) ou adormecem (Jo 11.11-14; At 7.60; I Co 7.39; 15.6,18,20,51; I Ts 4.13-15). Embora a morte física ainda esteja presente, seu ferrão foi quebrado na ressurreição de Cristo, de modo que ela não pode mais nos separar de Cristo. O contrário é o que acontece, a morte nos aproxima ainda mais de Cristo, porque quem morre passa a estar com o Senhor imediatamente (Rm 8.38,39; II Co 5.1-10; Fp 1.20,21). No último dia, quando Cristo voltar, ele ressuscitará a todos que lhe pertencem pela fé, para uma vida transformada a fim de vivermos com ele na eternidade (I Co 15.20; Cl 1.12).
4. O último inimigo ( I Co 15.25,26)
Não é Satanás, mas a morte. Satanás não tem domínio sobre a vida e a morte, mas somente Deus o tem. A morte de Adão foi decretada por Deus quando ele pecou contra o mandamento de Deus. Ela foi uma punição de Deus, não de Satanás.
No fim, Deus a tirará, pois ela foi vencida pela ressurreição de Cristo. A morte perderá finalmente o seu cruel aguilhão (v.54,55). Ela perderá o seu poder, ele será destruído. Ela foi derrotada na cruz de Cristo (Hb 2.15); texto que fala do pavor da morte, o qual Cristo também venceu.
A morte será a última conseqüência do pecado a ser retirada do mundo. Essa promessa da vitória pessoal de cada cristão sobre a morte descansa sobre a vitória de Cristo na cruz.
Aplicações:
1. A morte física é o último inimigo a ser derrotado por nós.
2. A morte não é o fim.
3. A morte para o cristão deixou de ser punição e foi transformada em repouso (cessação de fadigas).
4. Podemos enfrentar a morte e o luto com esperança. Podemos oferecer consolo aos que sofrem por causa de pessoas queridas que morreram.
5. Devemos viver todos os nossos dias antes da morte na presença de Deus e para a glória de Deus.
6. Cristo vem nos despertar no último dia, se morrermos (Jo 11.25-27).
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Bibliografia: Martin Luther, Luther's Works - Selected Psalms II, vol. 13, p. 94-95, 96. / P. H. Davis. “Morte”. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, vol.2; Vida Nova, p.558. / Leandro Lima. Razão da Esperança. ECC, p. 209-216. Louis Berkhof. Teologia Sistemática. ECC, p. 671-674.
Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Classe de Doutrina II – Quem é o Homem Para Que Dele Te Lembres?
Professores: Pr. Hélio O. Silva e Presb. Baltazar M. Morais Jr.
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Aula 18 = A MORTE (14/08/2011).
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1. O Conceito Bíblico de Morte
Antes de tudo, é necessário entender a idéia de morte. Morte não é extinção, não é aniquilamento, nem cessação de existência, mas separação.
O homem foi criado imortal. Quando ele pecou, ele não deixou de ser imortal, se por imortalidade entendemos a existência continuada, mas ele morreu, isto é, ele ficou separado de si mesmo e de Deus.
2. A Causa Judicial da Morte
"A morte é o salário do pecado" (Rm 6.23). “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18.4).
A morte é o resultado óbvio do pecado, mas não é o resultado natural do pecado do homem, nem podemos crer que o homem morreria de qualquer maneira. A morte não é parte da natureza humana. O homem não foi criado no estado de morte e nem para a morte. O homem foi criado para viver com Deus, glorificando-o como seu criador e gozando alegria nele.
A doutrina pelagiana afirma que o homem morreria de qualquer forma. Mesmo que o homem não houvesse pecado, a morte já fazia parte da criação. Para eles a morte é o seguimento natural na vida do ser humano não tem nada a ver com a punição do pecado. Eles separam o conceito de morte física e morte espiritual, no entanto, essa separação não está nas escrituras. Uma é conseqüência da outra e ambas não foram programadas para ser a experiência natural da vida humana.
Alguns discípulos de Barth diriam que o problema da morte está vinculado ao fato do homem ser finito. O pecado apenas complica o problema da finitude do homem.
Os Calvinistas, contudo, entendem que a morte é uma imposição penal de Deus sobre o homem pecador. A morte é algo passivo. Não escolhemos morrer, simplesmente morremos. É algo que sofremos, uma execução com base na violação da lei estabelecida.
Desde os primeiros concílio regionais da igreja Cristã se tem defendido que a morte é castigo, não natural à existência humana original. Num dos Concílios de Cartago, foi dito: "Se alguém disser que Adão foi criado mortal de tal forma que ele teria morrido no corpo se tivesse pecado ou não, seja anátema." Portanto, não podemos aceitar a morte como natural, mas como uma imposição judicial de Deus por causa do pecado.
Lutero foi veemente na sua idéia da causa da morte: "A morte dos seres humanos é, portanto, diferente da morte dos animais. Este morrem por causa da lei da natureza. Nem é a morte do homem um evento que ocorre acidentalmente ou que tenha meramente um aspecto de temporalidade. Ao contrário, a morte do homem, se assim posso falar, foi ameaçada por Deus e é causada por um Deus encolerizado e estranho. Se Adão não houvesse comido da árvore proibida, ele teria permanecido imortal. Mas porque ele pecou pela desobediência, ele sucumbe à morte como os animais que estão sujeitos a ele. Originalmente, a morte não foi parte de sua natureza. Ele morre porque provoca a ira de Deus. A morte é, em seu caso, a consequência merecida inevitável de seu pecado e desobediência."
A morte do homem, portanto, tem conexão com a justiça divina. Não somente é uma trajédia, mas uma penalidade, uma imposição judicial da qual nenhum pecador foge. Em Apocalipse, a morte como penalidade divina sobre o pecado é chamada de “segunda morte” (Ap 2.11; 20.6,14; 21.8).
3. A Morte e o Evangelho de Cristo.
As boas novas segundo o Novo Testamento são que Cristo, que era impecável, e que por isso não precisava morrer, experimentou a morte em nosso lugar (substitutiva, vicária) e a nosso favor (propiciatória, expiatória) a fim de pagar o preço da culpa de nossos pecados (remição, redenção). A sua morte foi um sacrifício pelos nossos pecados visando livrar-nos da morte e da sua punição (Fp 2.7; I Co 5.7; Gl 1.3-5; II Co 5.21; I Pd 3.18). Ele morreu por nós (Mc 10.45; Rm 5.6; I Ts 5.10; Hb 2.9), venceu a morte e o diabo, possuindo poder sobre eles (Hb 2.14,15). Cristo é aquele que possui as chaves da morte (Ap. 1.17,18).
Cristo quebrou o poder da morte sobre os seus seguidores. Cristo e seus discípulos foram unidos pelo sacrifico da cruz de tal modo que depois da cruz, os que são de Cristo crucificaram a carne e seus apetites (Gl 5.24) sendo separado a partir de então do mundo e não mais de Deus, pelo qual se tronaram filhos adotivos em Cristo. Ao livrar-nos da morte, Cristo passou a viver em nós por meio de seu Espírito Santo (Gl 2.20; Cl 3.3).
Por isso, os que se entregam a Cristo passam da morte para a vida (Jo 5.24) e nunca verão a morte verdadeira (Jo 8.51,52). Quem crê em Cristo, ainda que morra viverá (Jo 11.25,26) e jamais experimentará a segunda morte (Ap.20.14).
Os cristãos continuam sendo mortais. Os q morrem, “morrem em Cristo” (I Ts 4.16) ou adormecem (Jo 11.11-14; At 7.60; I Co 7.39; 15.6,18,20,51; I Ts 4.13-15). Embora a morte física ainda esteja presente, seu ferrão foi quebrado na ressurreição de Cristo, de modo que ela não pode mais nos separar de Cristo. O contrário é o que acontece, a morte nos aproxima ainda mais de Cristo, porque quem morre passa a estar com o Senhor imediatamente (Rm 8.38,39; II Co 5.1-10; Fp 1.20,21). No último dia, quando Cristo voltar, ele ressuscitará a todos que lhe pertencem pela fé, para uma vida transformada a fim de vivermos com ele na eternidade (I Co 15.20; Cl 1.12).
4. O último inimigo ( I Co 15.25,26)
Não é Satanás, mas a morte. Satanás não tem domínio sobre a vida e a morte, mas somente Deus o tem. A morte de Adão foi decretada por Deus quando ele pecou contra o mandamento de Deus. Ela foi uma punição de Deus, não de Satanás.
No fim, Deus a tirará, pois ela foi vencida pela ressurreição de Cristo. A morte perderá finalmente o seu cruel aguilhão (v.54,55). Ela perderá o seu poder, ele será destruído. Ela foi derrotada na cruz de Cristo (Hb 2.15); texto que fala do pavor da morte, o qual Cristo também venceu.
A morte será a última conseqüência do pecado a ser retirada do mundo. Essa promessa da vitória pessoal de cada cristão sobre a morte descansa sobre a vitória de Cristo na cruz.
Aplicações:
1. A morte física é o último inimigo a ser derrotado por nós.
2. A morte não é o fim.
3. A morte para o cristão deixou de ser punição e foi transformada em repouso (cessação de fadigas).
4. Podemos enfrentar a morte e o luto com esperança. Podemos oferecer consolo aos que sofrem por causa de pessoas queridas que morreram.
5. Devemos viver todos os nossos dias antes da morte na presença de Deus e para a glória de Deus.
6. Cristo vem nos despertar no último dia, se morrermos (Jo 11.25-27).
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Bibliografia: Martin Luther, Luther's Works - Selected Psalms II, vol. 13, p. 94-95, 96. / P. H. Davis. “Morte”. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, vol.2; Vida Nova, p.558. / Leandro Lima. Razão da Esperança. ECC, p. 209-216. Louis Berkhof. Teologia Sistemática. ECC, p. 671-674.