Introdução:
Como nascem as amizades? Parece-me que um dos mecanismos que formam as amizades é a observação de feitos notáveis
Ilustração: Davi e Jônatas são um exemplo disso. O que uniu a alma de Jônatas à de Davi foi o evento da vitória stupenda de Davi sobre o gigante Golias.
O salmo 16.3 mostra que o respeito de Davi pelo povo de Deus estava na santidade deles, que os fazia notáveis para si e na sua capacidade de alegrá-lo completamente.
Contudo, uma boa amizade só perdurará se for cultivada com todo o cuidado.
Provérbios nos ensina que até mesmo os grandes amigos podem ser separados e as grandes amizades destruídas: Pela traição (2.17); pela desavença e difamação (16.28 - o difamador é aquele que sempre toca na ferida - 17.9); pela falta de consideração e especialmente pela malícia.
Proposição:
Quero trabalhar quatro elementos que se cultivados nos ajudarão a sermos bons amigos uns dos outros, e assim expressaremos uma comunhão mais saudável no corpo de Cristo.
I. LEALDADE v.5,6:
a) A repreensão franca.
Aqui, lealdade está ligada à repreensão franca, que não usa da arma da “lisonja” (28.23) para sustentar a amizade.
Amizade verdadeira é aquela que aprendeu a levar em consideração mesmo as feridas que foram feitas visando o nosso bem.
Muitas vezes teremos que machucar nossos irmãos para abrir-lhes os olhos aos seus erros. A lealdade está no fato de que o objetivo é a cura, não a humilhação.
A franqueza só tem razão de ser se for leal. Do que adianta dizermos a verdade só para machucar?! Por outro lado, quando não repreendemos, encobrimos o amor e enganamos o nosso amigo com falsidades.
b) O resultado da lealdade.
O resultado da deslealdade é a desconfiança, mas o da lealdade é que ela, ao depois nos dará mais favor (28.23).
II. CORDIALIDADE v.9,17:
a) Bons conselhos são frutos da cordialidade.
São comparados ao perfume.
Citação: BLH: “assim como os perfumes alegram a vida, a amizade sincera dá ânimo para viver”.
Cordialidade é a marca do amigo, porque ele coloca o coração nas palavras que nos fala.
Não esconde sentimentos - é sincero.
Não nos engana - nos respeita.
Consola - interessa-se por nós.
b) Produz amadurecimento v.17.
Ela nos afia - O texto fala de uma discussão onde o interesse é aprender.
Ilustração: A faca de afiar do açougueiro. Aquele atrito produzido pela raspagem da faca no ferro faz com que a faca fique afiada e corte muito melhor a carne.
Citação: BLH: “As pessoas aprendem umas com as outras”.
III. CONSTÂNCIA v.10:
Não abandonar, aqui no texto, tem o sentido de ir atrás dele quando você precisar de ajuda. É muito melhor pedir ajuda ao vizinho amigo, do que ir incomodar o próprio irmão que mora longe.
A amizade pode superar até mesmo os laços familiares. Em 18.24, está escrito: “Há amigo mais chegado que um irmão”.
Por que?
Por causa da constância. Ele ajudará porque é amigo, e te amará todo o tempo (17.17). Não é bom subestimar o poder da boa amizade.
Ilustração: Uma refeição com o Dr. Russel Shedd, quando era seminarista. O pastor que o hospedava nos convidou para tomarmos café com ele e aproveitarmos para fazer perguntas teológicas. Antes do orar pelo café da manhã, disse: “_ Você fez este banquete para mim que sou um estranho, mas, e para o seu amigo que sempre te ajuda quando você precisa, você faria assim?” O pastor ficou calado e surpreso!!! Nós também.
IV. PRUDÊNCIA v. 14:
Sabe da hora em que deve ou não fazer as coisas. Quando conhecemos melhor as pessoas, aprendemos a nos aproximar delas. Basta ver o exemplo do casamento. Marido e esposa se conhecem melhor do que qualquer um. Sabem exatamente como agradar uma ao outro e sabem também como desagradarem um ao outro como ninguém.
Há um jeito diferente de tratar cada pessoa, pois ninguém é igual ao outro. Nas amizades, aprendemos que o que agrada a um pode desagradar ao outro.
O v. 14 fala da bajulação. Quando sustentamos nossas amizades pela bajulação nossas palavras são tomadas por maldição.
Citação: “Não é o que dizemos que somente importa, mas como, quando e porque dizemos”. (Derek Kidner) .
Temos de ter tato para com os irmãos da Igreja, não nos defendermos deles, mas defendê-los de nós.
O bom amigo se recusa a tirar vantagem da afeição do outro. Não abusa da amizade. Vejam comigo esses textos:
25.17 = Cuidado com a freqüência na casa do outro, para não causar enfado e canseira nele. Não é que ele não goste de você, mas uma amizade pegajosa é difícil de administrar!
27.14 = acordar o amigo por coisas sem muita importância bem de manhã é cassar encrenca com qualquer um.
Ilustração: Um pastor disse certa vez de forma humorística: “_ Não liguem para a minha casa antes das 9 h. da manhã, porque antes das 9 h. eu ainda não estou cheio do Espírito Santo.” É que ele dormia até essa hora porque ficava até muito tarde estudando aproveitando o silêncio da noite.
25.20 = Ser jovial fora de hora é muito perigoso para a amizade.
26.18,19 = não saber a hora que a brincadeira foi longe demais é trazer para amizade “fogo, flechas e morte”.
Conclusão:
Não creio que seremos bons amigos de todos. Podemos ser amigos de muita gente, mas bons amigos só será possível com uns poucos.
O exemplo de Jesus demonstra que sua intimidade particular não era repartida de igual modo com todos os seus discípulos.
Havia as multidões para quem pregava e ministrava cura e ensino.
Havia os 120 que o acompanhavam de cidade em cidade.
Havia os 70 que Ele enviava de dois em dois para o ministério.
Havia os 12 apóstolos, que eram seus acessores diretos.
Havia os 3, Pedro, João e Tiago, que os acompanhavam em ocasiões especialíssimas.
Dentre os 3 havia João, o discípulo amado.
Creio que deve ser assim na Igreja também. Abertos para com todos e selecionando alguns segundo a liberdade cristã nos permitir ser e fazer.
Agora, é preciso estarmos conscientes que as boas amizades sempre são formadas espontaneamente, querer forçá-las é o primeiro passo para destruí-las, porque a comunhão vive da graça e da verdade; e não do interesse e da vaidade, que exige o centro das atenções.
Sejamos leais; sejamos cordiais; sejamos constantes e não deixemos de ser muito prudentes.
E que Deus nos abençoe. Amém.