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Aula 12 = A Queda e Os Resultados do Pecado - Gênesis 3.


Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO
Classe de Doutrina II – Quem é o Homem Par Que Dele Te Lembres?
Professores: Pr. Hélio O. Silva e Presb. Baltazar M. Morais Jr.
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Aula 12= A QUEDA E OS RESULTADOS DO PECADO – Gênesis 3 (17/05/2011).
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A. A EXPLICAÇÃO EVOLUCIONISTA/MODERNISTA DA ORIGEM DO PECADO.
A maioria dos teólogos evolucionistas/modernistas negam a narrativa bíblica da Queda interpretando-a como uma representação mítica ou alegórica, não histórica, de uma experiência ética ou de uma catástrofe moral realmente sucedida no princípio da história que resultou em sofrimento e morte. Sustenta-se que, no curso do seu desenvolvimento, o homem foi-se tornando aos poucos um ser ético, tendo uma vontade indeterminada, que foi a única causa do pecado. Define-se o pecado “como uma atividade da vontade expressa em pensamentos, palavras ou atos contrários à consciência individual, à sua noção do que é o bem e o direito, o conhecimento da lei moral e a vontade de Deus”. Conforme a raça humana se desenvolve, os padrões éticos se tornam mais rigorosos, e a hediondez do pecado aumenta. O ambiente pecaminoso torna mais difícil ao homem refrear-se quanto ao pecado.

B. O PRIMEIRO PECADO OU A QUEDA COMO OCASIONADA PELA TENTAÇÃO.
1. A AÇÃO DO TENTADOR.
A queda do homem foi ocasionada pela tentação da serpente, que semeou na mente do homem as sementes da desconfiança e da descrença. A intenção do tentador era levar Adão, o chefe da aliança, a cair, não obstante dirigiu-se a Eva, provavelmente porque
(a) não exercia a chefia da aliança e, portanto, não teria o mesmo senso de responsabilidade;
(b) não recebeu diretamente a ordem de Deus, mas apenas indiretamente e, por conseguinte, seria mais suscetível de ceder à argumentação e duvidar; e
(c) seria sem dúvida o instrumento mais eficiente para alcançar o coração de Adão.

O curso seguido pelo tentador é bem claro.
(a) Ele semeia as sementes da dúvida pondo em questão as boas intenções de Deus e insinuando que Sua ordem era realmente uma violação da liberdade e dos direitos do homem.
(b) Quando nota, pela reação de Eva, que a semente tinha criado raiz, acrescenta as sementes da descrença e do orgulho, negando que a transgressão resultaria na morte. (c) Dando a entender claramente que a ordem divina fora motivada pelo objetivo egoísta de manter o homem em sujeição, ele afirma que, ao comer da árvore, o homem passaria a ser como Deus.
As elevadas expectativas assim geradas induziram Eva a observar com atenção a árvore, e quanto mais olhava, melhor lhe parecia o fruto. Finalmente, o desejo lhe moveu a mão, e ela comeu do fruto e também o deu ao marido, e ele comeu.

2. INTERPRETAÇÃO DA TENTAÇÃO.
Muitos negam o caráter histórico da Queda. Alguns acham que toda a narrativa de Gênesis 3 é uma alegoria que representa figuradamente a autodepravação do homem e sua mudança gradativa. Barth e Brunner consideram a narrativa do estado original e da queda do homem um mito. Para eles, tanto a Criação como a Queda pertencem, não à história, mas ao que denominam supra-história (Urgeschichte) e, daí, ambas são igualmente incompreensíveis. A narrativa dada em Gênesis ensina-nos meramente que, embora o homem seja atualmente incapaz de realizar algum bem e esteja sujeito à lei da morte, não há por que ser necessariamente assim.

Para eles, é possível ao homem livrar-se do pecado e da morte por uma vida de comunhão com Deus. Tal é a vida retratada para nós na narrativa sobre o paraíso, e ela prefigura a vida que nos é assegurada naquele de quem Adão foi apenas um tipo, a saber Cristo. Mas não é a classe de vida que o homem vive agora, ou que sempre viveu, desde o início da história. O paraíso não é uma certa localidade que podemos assinalar mas existe onde Deus é Senhor e o homem e as demais criaturas Lhe são sujeitos voluntariamente. O paraíso do passado está além dos limites da história humana.

Outros, não negam o caráter histórico da narrativa de Gênesis, mas afirmam que pelo menos a serpente não deve ser considerada como um animal literal, mas apenas como um nome ou um símbolo da cobiça, do desejo sexual, do raciocínio pecaminoso, ou de Satanás.

Ainda outros asseveram que o falar da serpente deve ser entendido figuradamente. Mas todas estas interpretações são insustentáveis à luz da Escritura.

As passagens que precedem e se seguem a Gn 3.1-7 têm o evidente propósito de ser pura e simplesmente narrativas históricas verdadeiras. Esse é o propósito dos escritores bíblicos em muitas referências (ex.: Jó 31.33; Ec 7.29; Is 43.27; Os 6.7; Rm 5.12, 18, 19; 1 Co 5.21; 2 Co 11.3; 1 Tm 2.14). Portanto, não devemos aceitar como confiáveis as interpretações figuradas de Gênesis 3. A serpente é considerada como um animal real em Gênesis 3.1, e não teria sentido substituir “serpente” por “Satanás”. O castigo de que fala Gênesis 3.14, 15 pressupõe uma serpente literal (Veja Paulo em 2 Co 11.3). A Escritura descreve claramente que a serpente foi apenas um instrumento de Satanás, e que Satanás foi o real tentador, que agiu nela e por meio dela, como posteriormente agiu em homens e em porcos (Jo 8.44; Rm 16.20; 2 Co 11.3; Ap 12.9). A serpente foi um instrumento próprio para Satanás, pois ele é a personificação do pecado, e a serpente simboliza o pecado
(a) em sua natureza astuta e enganosa,
(b) em sua picada venenosa, com a qual mata o homem.

3. A QUEDA PELA TENTAÇÃO E POR QUE O HOMEM PODE SER SALVO.
Como a queda do homem foi ocasionada pela tentação proveniente de fora (através de uma serpente), pode ser uma das razões pelas quais o homem é salvável, diversamente dos anjos, que não estiveram sujeitos a uma tentação externa, mas caíram pela incitação de sua própria natureza interior. Segundo Berkhoff, essa é uma conclusão especulativa, portanto, insuficiente para explicar decisivamente como um ser santo como Adão pôde cair em pecado. É-nos impossível dizer como a tentação pôde encontrar um ponto de contato numa pessoa santa. E mais difícil de explicar ainda, é a origem do pecado no mundo angélico.

C. OS RESULTADOS DO PRIMEIRO PECADO.
A primeira transgressão do homem teve os seguintes resultados:
1. A depravação total da natureza humana.
O contágio do seu pecado espalhou-se imediatamente pelo homem todo, atingindo toda a sua natureza e contaminando todos os poderes e faculdades de seu corpo e alma (Gn 6.5; Sl 14.3; Rm 7.18). Na vontade essa depravação manifestou-se como incapacidade espiritual de aproximar-se de Deus livremente. Segundo Romanos 3.23, essa depravação significa três situações distintas no homem: (a) Ser destituido da glória de Deus; (b) Carecer, necessitar da glória de Deus; (c) Não alcançar (por seus próprios esforços e méritos) a glória de Deus.

2. A perda da comunhão com Deus mediante o Espírito Santo.
O homem perdeu a imagem de Deus no sentido de retidão original (justiça original = verdadeiros conhecimento, santidade e retidão). Ele rompeu com a verdadeira fonte de vida e bem-aventurança, e o resultado foi uma condição de morte espiritual ou banimento definitivo de sua presença (Ef 2.1, 5, 12; 4.18).

3. Consciência da corrupção e da culpa, revelando-se primeiro na vergonha, e no esforço que os nossos primeiros pais fizeram para cobrir a sua nudez. E depois houve uma consciência de culpa, expressa numa consciência acusadora e no temor de Deus que isso inspirou.

4. Condenação à morte espiritual e à morte física.
De um estado de posse non mori (não poder morrer) desceu a um estado de non posse non mori (não poder não morrer). Havendo pecado, ele foi condenado a retornar ao pó do qual fora tomado (Gn 3.19). Paulo afirma que por um homem a morte entrou no mundo e passou a todos os homens (Rm 5.12) e que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23).

5. O Homem foi expulso do paraíso.
A mudança do estado espiritual mencionado acima redundou numa necessária mudança de residência. O homem foi expulso do paraíso, porque este representava o lugar da comunhão com Deus, e era símbolo da vida mais completa e de uma bem-aventurança maior reservadas para ele, se continuasse firme. Foi-lhe vedada a árvore da vida, porque esta era o símbolo da vida prometida na aliança (pacto) das obras.

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Bibliografia: Louis Bekhoff, Teologia Sistemática, ECC, p. 216-220.

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