Introdução:
O que envenenava a vida e o ministério do apóstolo Paulo era a insistente ação dos falsos mestres perturbando todas as igrejas que ele fundava. Com o objetivo de desacreditar sua mensagem desafiavam sua autoridade apostólica.
Uma das formas usadas para isso era dizer que o evangelho pregado por Paulo era diferente do que Pedro e os outros apóstolos pregavam. Alegando contradição entre os apóstolos inferiorizavam a Paulo e enfraqueciam a graça e o poder do evangelho nas igrejas.
Sua volta a Jerusalém após 14 anos da sua conversão, não da primeira visita, tem por objetivo mostrar a falsidade dessas acusações.
Contexto:
No capítulo 1 Paulo mostrou a origem divina de seu evangelho. Agora demonstra que o evangelho que prega é o mesmo evangelho dos demais apóstolos. Não inferior, nem diferente, mas o mesmo e único evangelho da graça de Cristo.
Esta é a segunda visita de Paulo a Jerusalém. Não sobe só, mas acompanhado de Barnabé e Tito, um judeu e um gentio.
Proposição:
O Evangelho é único e assim deve ser recebido e vivido.
I) UMA DEFESA DA VERDADE DO EVANGELHO (V. 1-5):
a)Em obediência a uma revelação de Deus.
A motivação da visita foi a obediência a uma revelação de Deus e não respondendo a um chamado dos demais apóstolos para prestar contas de sua pregação.
É possível que essa revelação fosse a palavra de Ágabo sobre a fome, quando Paulo foi a Jerusalém para entregar uma oferta às igrejas da Judéia (At 11.27-30).
b)Paulo lhes expôs o evangelho aos gentios.
Embora o objetivo não fosse esse, Paulo expôs o evangelho que pregava também aos demais apóstolos. A palavra usada por Paulo que ele o fez respondendo a uma consulta que lhe foi feita.
A razão da exposição não era temor ou receio da parte de Paulo, pois já pregava o evangelho há 14 anos. Sua preocupação era não permitir que o seu ministério fosse tornado infrutífero pelos judaizantes. Era neutralizar a influências desses e não para fortalecer suas convicções que Paulo apresentou o seu evangelho aos demais apóstolos.
O exemplo da firmeza de Tito.
Sendo grego não se deixou circuncidar.
Paulo foi ousado em levar Tito consigo e poderia ser tomado como provocação, mas a sua intenção não era essa. Ele desejava deixar claro que judeus e gentios são salvos da mesma forma pelo evangelho da graça e em razão disso devem ser aceitas na igreja sem qualquer discriminação.
A pressão pela circuncisão de Tito não veio da igreja, mas dos falsos irmãos.
Quem mesmo eram eles?
c)A ação dos judaizantes:
Falsos irmãos que se entremeteram no meio das igrejas.
Para espreitar nossa liberdade em Cristo.
Tentam nos reduzir novamente à escravidão.
Eles são tanto falsos cristãos como espiões (BLH), sentido de “entremeter”. A BJ traduz por “intrusos”. Seu objetivo era tão somente espreitar a liberdade cristã e reduzi-la à escravidão. Seu slogan era: “Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos” (At 15.1).
O cristão foi livre da Lei no sentido de que sua aceitação diante de Deus dependa inteiramente da graça divina na morte de Cristo aceita pela fé e não de qualquer ação da parte do homem. Exigir qualquer tipo de obra era um retrocesso.
d)Não nos submetemos a eles.
Para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.
Paulo, Tito e Barnabé permaneceram firmes no evangelho da graça.
II) O EVANGELHO AOS GENTIOS É O MESMO EVANGELHO DOS DEMAIS APÓSTOLOS (V.6-9):
Paulo não esteve com todos os apóstolos, mas com Pedro, João e Tiago, o irmão de Jesus. Estes eram os lideres da igreja que tinham maior influência dentro dela em Jerusalém. A forma aparentemente rude com que se refere a eles não é depreciativa e nem irônica, no que diz respeito a eles, mas sim no que diz respeito aos judaizantes, que usavam a reputação deles contra Paulo. Paulo não questiona sua autoridade apostólica e nem e nem os desrespeita, todavia deixa claro que a posição deles não intimida quanto ao seu apostolado. Seu foco é duplo
a) Os apóstolos nada acrescentaram ao evangelho de Paulo.
Eles não fizeram nenhum acréscimo ou remendo na pregação de Paulo.
b) Reconheceram a operação eficaz do evangelho por meio de Paulo tanto quanto por meio deles.
Eles reconheceram publicamente a igualdade e unidade do evangelho de Paulo com o que eles também pregavam.
III) A DESTRA DE COMUNHÃO DOS APÓSTOLOS FOI DADA AO EVANGELHO PREGAO AOS GENTIOS (V.9,10):
Nos versos 9 e 10 Paulo confirma o que dissera nos versos anteriores e acrescenta detalhes.
a)Reconheceram a ação da graça em Paulo.
A operação eficaz à qual se referiu antes é a operação da graça de Deus por meio da pregação do evangelho.
b)Estenderam a destra da comunhão..
O reconhecimento da unidade e igualdade do evangelho pregado pelos apóstolos é feita no estender das suas mãos direitas a Paulo e Barnabé a fim de que pudessem continuar pregando o evangelho com plena liberdade.
A única diferença era o público; Paulo e Barnabé pregariam especialmente aos gentios, enquanto os demais continuariam pregando especialmente aos gentios.
Não eram dois evangelhos diferentes, mas o mesmo pregado a públicos de culturas e costumes diferentes.
Aplicações:
1.A verdade do evangelho é única e imutável.
O evangelho não é contraditório e nem personalizado como se fosse de Pedro, de Paulo, de João ou de Tiago. Ele é o evangelho de Cristo e assim deve ser conhecido (I Co 15.11).
2.A verdade do evangelho deve ser mantida.
Assim como Paulo resistiu aos judaizantes, devemos resistir àqueles que procuram modificar o evangelho para dele tirar proveito.
Paulo era muito brando aos “fracos na fé” e disposto a fazer-lhes concessões uma vez que os princípios fundamentais do evangelho estivessem resguardados, mas ele era implacável para com os “falsos na fé”. Podemos perder tudo o que quiserem nos tomar, menos o evangelho.
Conclusão:
Duros como o diamante na fé, mas meigos e flexíveis quanto ao amor.