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I Tessalonicenses 5.12-22 - Participando da Edificação (Exposição 2).



Texto: I Tessalonicenses 5.12-22.
Tema: Participando da Edificação (exposição. 2).
Rev. Hélio O. Silva = Goiânia-GO, 28/11/2010.

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Introdução:
Meu propósito hoje é falar de forma clara, objetiva e simples sobre como podemos participar eficazmente da edificação do corpo de Cristo. Para isso preciso reconhecer um risco; atentar para uma necessidade e fazer um chamado à igreja.
1. Risco de falar em causa própria.
2. A necessidade de relembrar princípios básicos da relação liderança-liderados e também da “relação pastoral”.
3. Chamar a igreja à comunhão participativa e atuante por parte da igreja na edificação do corpo de Cristo rumo à maturidade.

Contexto:
Começo dizendo que os conselhos e orientações aqui apresentados por Paulo são direcionados a uma igreja jovem. No começo de sua carreira cristã.
Tessalônica era a capital da Macedônia. Foi fundada em 315 a.C. por Cassandro, general de Alexandre, O Grande, que deu-lhe o nome de sua esposa. Antes se chamava Terme, porque possuía fontes de águas termais.
A fundação da Igreja é narrada em At 17.1-9 e aconteceu durante a 2ª Viagem Missionária de Paulo. Silas e Timóteo eram seus acompanhantes. A Igreja nasceu num trabalho de apenas três semanas. Essa carta foi escrita por volta de seis meses depois. Talvez tenha sido o primeiro livro do Novo Testamento a ser escrito (c. 46-56 d.C.).
Uma vez que era uma igreja jovem, talvez seja essa uma das razões porque por duas vezes Paulo trata objetivamente do ministério pastoral na igreja (3.1-10 e 5.12-13). Além, é claro do testemunho pessoal de seu ministério de plantação da igreja no capítulo 1 e 2.

Proposição:
Paulo exorta a igreja a valorizar o seu relacionamento com os lideres da igreja a fim de que houvesse boa participação na edificação da igreja como um todo. Como isso pode ser feito? Paulo responde em três princípios úteis para nós:

I. NUTRINDO UM BOM RELACIONAMENTO COM A LIDERANÇA (V.12,13):

a) Acatar com apreço.
Acatar é ter respeito e interesse pelo seu trabalho entre nós, valorizando e reconhecendo sua importância.
Quais as razões para acatar?

1. Eles trabalham entre nós.
A palavra trabalho (kopiontaj = kopiontas) refere-se a um trabalho que produz desgaste físico e mental. Muitas vezes o trabalho da Igreja é stressante para os líderes, que precisam muito mais de apoio do que críticas desnecessárias e murmurações.
Ilustração: Em Refidim (Ex 17), foi a primeira vez que Moisés ficou impaciente com o povo. Em 45 dias eles murmuraram nada menos que 4 ou 5 vezes.
Esse respeito é devido aos líderes que trabalham e não aos que “trapalham”.

2. Eles nos presidem e nos admoestam.
Os que nos presidem são os presbíteros e pastores. Estes compartilham o trabalho de pastoreio da igreja.
E esse trabalho é realizado “no Senhor”. Ocupam sua função de liderança debaixo do mandamento de Deus e lhe devem total obediência. Temos a tendência de achar que a liderança é uma questão de status alcançado mais do que de serviço ao Reino de Deus.
Presidir é liderar, é conduzir, é cuidar; por isso é importante a colaboração.
Admoestar é corrigir por meio de conselhos. Para se chegar a algum lugar, será preciso fazer correções quando necessário. Por sermos pecadores, precisamos aprender a ser mais maleáveis ao trato da liderança e com ela.

b) Tê-los com amor.
A liderança não precisa somente do respeito, precisa também do carinho do amor.
1. O amor é em máxima consideração.
Consideração é estima, valorização do outro, Ter em alta conta. Paulo diz que o marcador de nossa estima pelos líderes deve estar ligado no máximo e não no mínimo.

2. O amor é motivado pelo trabalho que realizam.
Trabalho é ergon (ergon), uma obra comum. O trabalho pastoral e da liderança não difere do secular a não ser pelo seu alcance religioso. Ou seja, qualquer trabalho deve glorificar a Cristo, servir às pessoas, ser feito com honestidade e lisura de caráter etc.; o trabalho cristão também é assim.
Quantos têm demonstrado respeito por líderes e pastores motivados unicamente pela troca de favores e não pelo interesse no reino de Deus!!! Quantos deixam de apoiar um novo líder simplesmente porque ele não lhe serviu como o anterior. Essa motivação não é correta. Devemos honrar por causa da natureza do trabalho, e não por causa de traços da personalidade ou disponibilidade para um serviço mais particularizado.

c) Viver em paz com eles
“Uns com os outros”, não é paz entre os membros. Nesse texto, é paz entre líderes e liderados. Pastor e ovelhas, Conselho e Igreja, Junta Diaconal e Igreja, Presbitério e Igrejas jurisdicionadas.
Viver em paz é praticar a paz. Não deixar que os desacordos quebrem a harmonia do trabalho, mas aprender o segredo da cooperação. Precisamos entender que na Igreja, nossos desacordos não fazem que sejamos menos corpo de Cristo, que somos lançados fora, por isso, buscar o equilíbrio pelo diálogo aberto é tão importante, porque já somos um em Cristo. Nossa responsabilidade é não quebrar a unidade, mas preservá-la e aprimorá-la para a glória de Cristo.
Ilustração: O que significa ser corpo? Vejamos a experiência de José e de Acã. A consagração de José abençoou uma nação inteira na época da fome e da escassez; a falta de consagração de aça trouxe a ira de Deus sobre Israel logo após a conquista de Jericó. Pessoas morreram em função da cobiça de Acã por coisas que valiam mais ou menos um carro zero Km bem moderno. Todavia o pecado de Acã foi tratado por Deus como pecado do povo (“prevaricaram” – Js 7.1).
O devido valor à relação pastoral é algo que deve fazer parte do fundamento de uma igreja local, se ela quer se tornar uma igreja madura na fé.

II. PARTICIPAR DA DINÂMICA DA VERDADEIRA COMUNHÃO (V.14,15):

Essas palavras não são dirigidas somente a pastores (regentes e docentes). A Exortação de Paulo é para os “irmãos”, os membros da Igreja local. Por sermos todos sacerdotes, todos têm papéis pastorais a desempenhar uns com os outros. Cuidar da saúde espiritual da Igreja é responsabilidade de todos nós. O papel dos pastores é o de nos ensinar a fazer isso cada vez melhor!
a) Admoestar os insubmissos.
Chamar a atenção por meio de conselhos. Pode envolver confrontação.

b) Consolar os desanimados.
Consolar é aliviar a preocupação, oferecer o seu ombro para o outro chorar. Fp 2.1 = ela deve proceder do amor.

c) Amparar os fracos.
Dar sustentação para que não caia ou se desvie,estender a sua mão para ajudar o que caiu a se levantar. É preocupante a ênfase de algumas lideranças no sentido de não terem paciência com este grupo.
Citação: Caio Fábio: “A Igreja é o único exército que deixa os seus feridos para trás”.

d) Ser longânimos para com todos.
Ter paciência é não deixar que a precipitação ganhe o lugar da compreensão.
Ter paciência quando alguém em seu desabafo ofender mesmo que não fosse sua intenção nisso. Ter paciência com aquilo que não concordamos e conversar amistosamente a respeito. Ter paciência com o pecado alheio, porque é assim que Deus faz com os nossos próprios pecados.

e) Evitar o mal e seguir o bem.
1. Entre nós.
2. Para com todos.
Não deixar que ele crie raízes em nosso meio e nem que algum de nós seja seu propagador, antes, pelo contrário, sejamos seus apagadores.
Ilustração: às vezes alguém quer machucar outro, mas não coragem de ir tratar diretamente com o irmão; então manda recados falando c outras pessoas. O resultado é que para machucar um, acaba machucando muitos outros no percurso. Devemos evitar isso decisivamente.

III. BUSCAR A VONTADE DE DEUS PARA NOSSAS VIDAS DIARIAMENTE V. 16-21:

a) Em relação a nós mesmos:
1. Regozijo contínuo.
A alegria do cristão é sempre fruto de seu relacionamento contínuo de amor e serviço a Deus. Ela é sempre uma dádiva de Deus. Ela não é produzida e nem buscada, mas recebida por dádiva e benção de Deus.

2. Oração contínua.
Orar sem cessar é orar mesmo quando não queremos. São empecilhos à oração:
a. O pecado não confessado (I Jo 1.7,9).
b. O relacionamento conjugal quebrado (I Pe 3).
c. A falta do perdão entre os irmãos (Mt 18).
d. A vaidade (Sl 66.16).

3. Gratidão em tudo.
Rm 8.28 = Todas as coisas cooperam para o bem de quem ama a Deus.
Essas posturas são para disponibilizarmos para Deus, a fim de que cumpra sua vontade para nossas vidas.

b) Em relação à própria atuação de Deus em nós.
1. Não apagar o Espírito.
Apagar não tem o sentido de extinguir, mas de não deixar crescer, limitar, tentar resistir à sua ação.
 Ef 4.30 (entristecer).
Por meio de falar palavras torpes (saproj = sapros), aquelas que se alimentam de assuntos que geram a morte ou que servem à morte. Fungos saprófitas são aqueles que se alimentam de cascas de árvores mortas.
 Ef 5.18 (não se deixar encher do Espírito).
Rejeitam agir segundo o fruto do Espírito. Preferem dar vazão à sua ira e natureza mundana. Ser cheio do Espírito é ser sóbrio, equilibrado e sensato; o oposto da embriaguez.

 Tg 4.4-6 (enciumar).
Quando valorizamos amizades mundanas, que se comportam de forma mundana, mais do que a amizade de Deus e da santidade que essa amizade produz em nós.
É por isso que temos de tomar cuidado, por exemplo, com o que bebemos, com quem bebemos e o quanto bebemos. É por isso que temos de ter cuidado com quem andamos, onde andamos e o que fazemos lá.

2. Não desprezar profecias – I Co 14.1-5.
Como fazemos isso?
1. Julgando todas as coisas.
2. Retendo o que é bom.
Nosso ouvir não deve ser ingênuo, mas também não pode armado com quem defende uma fortaleza babilônica! Se for assim, corremos o risco de coarmos o mosquito e engolirmos o camelo.

c) Em relação ao nosso comportamento no mundo v.22.
 Abster-se de toda forma de mal.
“Forma” é eidoj (eidos):
 Tipo, espécie, classe.
 Forma, aparência visível.
Não é boa a tradução “evitar a APARÊNCIA do mal” (ARC) porque confunde e leva a interpretações tendenciosas. “Forma” é mais do que aparência e indica a própria essência. Quem procura evitar a aparência pode cair no círculo vicioso do legalismo e da hipocrisia.
Não temos licença para praticar o mal quando ele parece uma inocente brincadeira de formandos.
Ilustração: Um jovem cristão saiu de madrugada com colegas para fazer arruaças e jogar ovos nas pessoas que estivessem nas ruas no seu percurso. O pai aprovou seu comportamento pecaminoso justificando que era apenas uma comemoração. Isso é pecado!

Conclusão:
Para desempenhar o meu papel eu preciso me comprometer e participar ativamente da edificação.
Lembro-me do conselho de Paulo a Timóteo que vale para todos nós: “Medita essas coisas... tem cuidado de ti mesmo e da doutrina...”
Quem não cuida de si mesmo, ainda que cuide da doutrina, não pode pastorear; também quem não cuida da doutrina, ainda que cuide de si mesmo, não deve pastorear.
Esses são conselhos para uma igreja jovem. Não é o nosso caso. Mas é exatamente por isso que precisamos revisitá-los com freqüência, porque são úteis para manter a vitalidade de uma igreja durante crises, escândalos e tribulações.
Meditemos nessas coisas...

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