Dignos de Cuidado (III João 5-8)
A hospitalidade cristã aplicada às missões transculturais está sendo chamada de “Retenção Missionária”. Não diz respeito somente a como tratamos bem os missionários aqui na igreja, ou em trânsito por nosso pais ou região, mas em como os tratamos de tal forma a que não abandonem os campos e voltem para casa desistindo da missão. Diz respeito a como os tratamos em suas necessidades espirituais e materiais, porque fora do país eles dependem totalmente de nossos recursos.
Qual deve ser o nosso procedimento ao hospedar conosco missionários em viagem, ou em visitas para levantamento de sustento como preparação para partir para o campo mais distante? João nos dá algumas indicações nos versos 6-8 de sua carta a Gaio: Cooperamos com a verdade quando tratamos com dignidade os missionários da igreja.
Devemos encaminhá-los por modo digno. “Modo digno” quer dizer “de forma apropriada”. Não devemos apenas recebê-los em nossas igrejas ou casas, orar por eles e despedi-los com promessas de paz. Mas devemos também cooperar com a manutenção de seu sustento. Isso significa dar suprimentos de alimentos e financeiros. Por que devemos fazer isso? Porque é possível enviar e depois esquecer um missionário no campo. O Rev. Silas Tostes perguntou numa das palestras do V Congresso Brasileiro de Missões em 2008: “_ Quanto tempo demora para uma igreja esquecer seu missionário no campo?” A missionária que estava do meu lado respondeu baixinho: “_ Seis meses”. Ela era missionária no Japão e sua igreja a abandonara lá depois de seis meses que a tinha enviado.
Eles servem ao nome de Cristo. Porque são servos de Cristo e o representam. Devemos tratá-los como trataríamos o próprio Cristo. Porque quem recebe um enviado de Cristo, recebe a ele mesmo: “Quem vos recebe a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou (Mt 10.40).” O bom obreiro deve receber sustento digno da igreja, todavia, o mal obreiro nunca deve ser sustentado pela igreja, mas deve ser dispensado do serviço. A motivação para a obra missionária é o nome de Cristo e não as vantagens pessoais da “viagem missionária”. Missões não pode ser a busca por uma experiência! Isso é sério demais. Falamos de vidas; falamos de sua salvação do inferno para a glória da casa do Pai!
Devem ser sustentados pela igreja (“nada receberam dos gentios”). O verso 7 deixa claro que a obra da igreja deve ser sustentada pela igreja, não pelo governo federal, estadual ou municipal. Isso não quer dizer que não devemos aceitar ofertas voluntárias deles, mas que não devemos ter como política viver pedindo dinheiro para eles com o pires na mão ao sabor de negociatas politiqueiras que envergonham o nome de Cristo. Porque isso seria negar a nossa confiança na providência de Deus para a sua própria obra e correr o risco de agir por cobiça e não por fé. Faz parte do nosso chamado prover para que a obra de Cristo alcance a todas as nações. É direito dos obreiros cristãos serem sustentados por aqueles que se beneficiam de seu serviço (I Co 9.1-18; Gl 6.6; 1 Ts 5.17,18). Na PIPG depois de um tempo comprometidos com 20 missionários com sustento parcial, decidimos permanecer comprometidos com menos missionários, mas com uma participação maior no seu sustento. Hoje estamos comprometidos com 10 casais de missionários no Brasil e no exterior, quatro deles são filhos da igreja (Rev. Marcos Agripino e Mônica Mesquita; Mis. Eliezer e Sara Camargo; Rev. Luciano e Luciene Pires; André e Thaís Marques).
Devemos acolher esses irmãos. No texto grego aparece um “nós” enfático, que ficou oculto na tradução pelo verbo “devemos”. É nossa obrigação cuidar dos obreiros cristãos em trabalho missionário, porque ao fazê-lo nos tornaremos “cooperadores da verdade”. Quem hospeda um falso mestre é “cúmplice de suas obras más” (2 Jo 11), mas quem hospeda um mestre verdadeiro é um “cooperador da verdade”. Verdade na perspectiva de João é o próprio Cristo Jo 8.32,36; Jo 14.6) e a palavra de Deus(Jo 17.17).
A obra cristã não é apenas sair e pregar o evangelho, mas também cooperarmos com ela quando hospedamos, enviamos e sustentamos os missionários locais, nacionais e transculturais (At 1.8). Com amor, Pr. Hélio.