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Apocalipse 3.14-22 = Laodicéia: Recuperando o Zelo



Texto: Apocalipse 3.14-22
Tema: Laodicéia: recuperando o Zelo.
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Introdução:
O que significa ser um crente morno?
Em Hierápolis havia uma fonte de águas quentes medicinais e em colossos havia uma fonte de águas frias, puras. Mas Laodicéia era como água morna. Não era cura para os doentes e nem refrigério para os cansados. Morno também significa fazer sem interesse.
Contexto: Laodicéia ficava ao sul da Frígia, ao leste de Éfeso e somente a 16 Km. de Colossos.
A cidade fora fundada em 250 a.C. por Antíoco da Síria, Situada no entroncamento de três estradas importantes, atraía para si muitas riquezas.
1. Era um grande centro bancário e comercial. Destruída em 61 a.C. por um terremoto, foi reconstruída com recursos próprios, sem a ajuda do Império.
2. Sua indústria têxtil produzia a partir da lã de ovelhas negras um tecido de lã aveludada de cor violeta escura que era o orgulho da cidade.
3. Era um centro médico importante. Tinha uma escola de medicina, com médicos bem conhecidos, cujos rostos eram cunhados em moedas da época. Ali era produzida uma pomada para cura dos ouvidos e o “pó frígio” utilizado na fabricação de colírios.

Ao lermos a carta, em comparação com as demais, percebemos que nada é dito de perseguições, problemas com judeus ou tribulações. É bem provável que a Igreja prosperasse seguindo os ventos da cidade, e, sem dúvida, deve ter sido isso que a fez se afastar de seu Senhor.
Segundo lemos em Cl 4.16,17, Paulo escreveu uma carta a essa Igreja que foi perdida (provavelmente é a Epístola aos Efésios), deixando a entender que Arquipo era pastor ali, e que ele tinha uma presença meio dúbia na Igreja, negligenciando certos aspectos de seu ministério. Paulo o exorta a ser zeloso por seu ministério. Colossenses foi escrita por volta de 60 d.C., a uns 35-40 anos antes de João escrever o Apocalipse.
A falta de zelo de um pastor no início da formação de uma Igreja pode levá-la a uma frouxidão moral tal, que Deus precise disciplinar a Igreja algum tempo depois. Por isso, a Igreja de Laodicéia é uma igreja que precisa recuperar o seu zelo.

Proposição:
Quero meditar sobre esse texto, apontando perspectivas de que caminho devemos trilhar para recuperarmos o nosso zelo cristão pela fé.

I. ATENTAR PARA O ESCRUTÍNIO DO OLHAR DE CRISTO V.14-17:

a) Quem é Cristo para os Laodicenses?
1. Ele é o Amém – O FIM de todas as coisas e a verdade onde tudo se cumpre. Ele é o sim de Deus onde todas as promessas têm o seu firme fundamento. Isso quer dizer que Ele é suficiente para satisfazer a fé e a vida de Sua Igreja.
2. Ele é a testemunha fiel e verdadeira – Ele expressa exatamente tudo o que Deus é e significa para nós no PRESENTE. Nada pode ser achado em Cristo que nos leva a um caminho mal.
3. Ele é o princípio (origem e COMEÇO) da criação de Deus – Todas as coisas foram feitas por meio dele e nada do que foi feito foi feito sem Ele.
João mostra que Cristo ocupa para a Igreja toda a extensão da história; O fim, o presente e o começo. Cristo é suficiente, nada precisa ser acrescentado e nem tirado. Quando Ele olha para a sua Igreja o que Ele vê não é somente a Igreja militante nas suas lutas do presente, mas Ele vê a sua Igreja eleita que precisa e anseia pela condução de sua vara e de seu cajado de pastor para ser conduzida ao descanso que Ele lhe prometeu. Seu olhar nos escrutina e não podemos negar isso.

b) Laodicéia se tornara morna em sua fé.
Ela vestiu a roupa do auto-engano. O auto-engano transforma a nossa fé em
Ilusão. O auto-engano nos afasta vagarosamente de Deus. O auto-engano não passa de uma farsa mentirosa. O auto-engano se manifesta na hipocrisia!
O veredicto de Cristo ao escrutinar a fé daquela Igreja foi: És morna.
Quem é o crente morno segundo o texto (v.17)?

1. É aquele que acha ter alcançado um nível de espiritualidade que ainda não alcançou (estou rico e abastado).
A cidade era rica e seu estilo de vida havia penetrado a igreja afastando-a de Cristo. Isso acontece de duas formas:
 Não há nada que o dinheiro não possa comprar.
 A riqueza é sinônimo inquestionável da benção de Deus.
Contudo, Paulo nos alerta em 1 Timóteo 6.5b-11 que a piedade não pode ser fonte de lucro pois os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada e em várias concupsciências insensatas e perniciosas. Essas coisas nos levam à ruína e à perdição, porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males. Quem se envolve nessa cobiça, diz Paulo, desvia-se da fé e se atormenta com muitas dores!
2. É aquele que está satisfeito com o que já alcançou (não preciso de mais nada).
Cuidado quando você achar que tudo está bem, quando você achar que tudo o que tem é fruto unicamente do seu esforço e capacidade. A auto-suficiência e a soberba são irmãs gêmeas.

3. É aquele que esconde a realidade do seu coração insatisfeito na falsidade e na hipocrisia de uma vida de aparências (nem sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu).
Uma igreja pode viver tão voltada para si mesma que não dá qualquer atenção ao que Cristo pensa dela! Tudo que ela diz de si mesma, Cristo retruca que é exatamente o contrário.
Pensemos sobre isso. Podemos enganar a nós mesmos de tal forma que o que dissermos de nós mesmos não passará da mais pura mentira.
Entre risos e abraços a igreja era infeliz e vivia debaixo de aflição! Entre bens matérias e prosperidade financeira, a igreja era miserável e maltrpilha da graça de Deus! Ela era digna de dó. Eram ricos como cidadãos da cidade, mas nada tinham para apresentar a Deus a não ser a sua mornidão espirtual. Produziam colírios famosos no mundo inteiro e não enxergavam um palmo diante do nariz! Vendiam roupas para o mundo inteiro, mas estavam nus na presença de Deus.
O que fazer diante de um quadro assim?!

II. ACEITAR E TRILHAR O CAMINHO DA RECUPERAÇÃO V.18-20.

a) Ouvir o conselho de Cristo v.18.
 Adquirir = comprar.
A ênfase do texto não está na ironia de se aconselhar a quem tem dinheiro a comprar ou adquirir algo, mas de quem essa pessoa vai comprar (de mim). A graça não compra e não se pode pagar. A verdadeira riqueza está em Cristo e é isso que ele oferece à sua igreja.
1. Ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres.
Em Cristo se encontram os tesouros da sabedoria!

2. Vestiduras brancas
 Para te vestires.
 A fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez.
A verdadeira nudez da igreja era a falta de santidade, ou seja, a falta de uma manifestação da vida transformada pela graça de Cristo, que exibisse uma caráter integro e de boas obras.

3. Colírio para ungir os olhos, a fim de que vejas.
Desvenda os meus olhos para que eu contemple as maravilhas de tua lei (Sl 119.18). A verdadeira conversão acontece quando enxergamos verdadeiramente quem somos em nosso pecado e a grandiosidade da provisão de Deus em Cristo para nos perdoar e salvar eternamente.
Como podemos adquirir essas coisas?
1. Buscando a Deus em primeiro lugar.
2. Pela intimidade com o estudo da palavra de Deus nas escrituras.
3. Deixando-se encher pelo Espírito Santo (Ef 5.18).

b) Submeter-se à disciplina amorosa de Cristo v.19.
Deus repreende e disciplina a quem ama (Hb 12.6; Pv. 3.11,12). O objetivo de Deus com a disciplina é tornar-nos mais zelosos e frutíferos e sua obra (Jo 15.2,3).

c) Recuperar o zelo v.19.
Ao recomendar-lhes o zelo Cristo nos mostra que há esperança para o auto-engano. Se a igreja aceitar tratar os seus olhos com o colírio de Cristo, então ela poderá ver claramente a sua situação, arrepender-se e voltar à prática das primeiras obras, como era o caso da igreja de Éfeso.

d) Arrepender-se v.19.
Arrependimento não é apenas tristeza pelo pecado, mas também a decisão firme de mudar de caminho e retornar à fidelidade.

e) Abrir a porta a Cristo v.20.
O texto comumente usado por nós na evangelização de incrédulos é dirigido claramente aos crentes. Acontece que podemos freqüentar uma igreja por quarenta anos e ainda assim não aprendermos o que de fato significa seguir a Jesus Cristo.
Nunca podemos tirar Cristo do centro, porque a outra opção é colocar-nos a nós mesmos e nossas idolatrias.
Jesus está à porta de sua igreja e olha para dentro dela, quem vai abrir a porta? Só abrirá a porta quem estiver com os ouvidos abertos e atentos ao que Cristo tem a dizer a respeito de sua igreja.
Citação: Há uma canção do Pe. Zezinho que diz assim:
“Hoje eu percebo que passas nas ruas e praças
De um mundo sem graça e de paz tão mendigo,
Ouço tua voz que convida que eu mude de vida
E por fim me decida e caminhe contigo”.
Quem abrir a porta ceará com Cristo porque “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23).
Ilustração: Erlo Stengen conta de uma reunião de oração em Mapumulo quando ele estava orando com negros e pela janela viu algumas pessoas brancas jogando tênis. Então resolveu fechar a janela. Ao fazê-lo ouviu uma voz dizendo: “_ Se fechar a janela eu fico do lado de fora”. Ele estava com vergonha de ser visto orando com os negros em pleno apartheid sul africano.

Conclusão: v.21 e 22.
Há benção para o vencedor. Há uma alerta para todos.
A benção é assentar-se no trono de Cristo com ele, da mesma forma que ele venceu e se assentou com o Pai no seu trono.
Ele venceu na cruz.
Ele venceu na cruz de braços abertos.
Ele venceu na cruz de braços abertos segundo a vontade de Deus.

Aplicações:
1. Eu não posso ver Jesus, mas ele me vê constantemente, eternamente.

2. A pergunta se repete: Você está escutando a palavra de Deus? Se escutamos, então devemos retomar o caminho do zelo cristão e perseverar:
 Precisamos perseverar na fé.
 Precisamos perseverar na palavra.
 Precisamos perseverar na santidade.
 Precisamos perseverar no zelo.

3. Cristo nos recebeu em seus braços abertos, então não devemos fechar a porta, mas abri-la para Cristo entrar e permanecer em nossas vidas. Onde Cristo está agora? Lá fora ou aqui dentro?

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