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Apocalipse 2.8-12 = Esmirna: A Riqueza da Fé



Texto: Apocalipse 2.8-11
Tema: Esmirna: A Riqueza da Fé Data: 25/09/1999.
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Introdução:
A carta à Igreja de Esmirna levanta uma questão muito contemporânea. Qual a diferença entre uma fé medíocre e uma fé operante? A resposta aponta para o que eu estaria disposto a enfrentar por amor a Cristo.
PRIVAÇÕES - DOR – SOFRIMENTO – PRISÃO – A MORTE.
O vigor da nossa fé é diretamente proporcional ao quanto estamos dispostos a abrir mão do conforto para servir a Cristo.
Por isso, quando Cristo sonda o coração e a chama da Igreja de Esmirna Ele fica satisfeito e a incentiva a continuar no seu caminho.
 Ele não vê riquezas, é uma Igreja bastante pobre e limitada.
 Ele não vê uma quantidade grande de membros, mas uma pequena comunidade perseguida e pressionada.
 Ele não vê grandes líderes carismáticos, mas um punhado de gente consagrada. Seus líderes não eram presos por sonegar impostos, mas por amarem somente a Jesus Cristo..
Contexto:
a) A cidade:
 Ficava a 55 Km ao norte de Éfeso.
 Tinha um próspero porto marítimo natural, que competia com o de Éfeso.
 Esmirna era chamada de “A Flor da Ásia”; “A Coroa da Ásia”.
 Foi a primeira aliada de Roma na Ásia (195 a.C.). Foi a primeira cidade a instituir o culto ao imperador. Em 26 a.C. ganhou a concorrência para construir um templo a Tibério César.
 Havia lá um influente colônia judaica.
• Certa vez doaram 10 mil denários (o salário de 30 anos de um trabalhador comum) para o embelezamento da cidade.
• Inácio reclamou deles quando escreveu a Esmirna por volta de 107 d.C, no caminho de seu martírio em Roma, dando várias instruções ao jovem bispo dali (Policarpo), para perseverar na fé.
• Em 156 d.C. apoiaram e participaram ativamente do martírio de Germânio e Policarpo. Impediram que os cristãos se apoderassem dos restos mortais de Policarpo.

Como se vê, a Igreja prosperava, mesmo debaixo de perseguição, e pouco mais de 50 anos mais tarde, nos daria o martírio de um dos grandes pais da Igreja: Policarpo de Esmirna.

Proposição:
Tu és rica! É a mensagem de Cristo à sua Igreja.
Eu quero ressaltar aqui, três afirmações que nos conduzirão à prática de uma fé rica, como foi a fé da Igreja de Esmirna.

I. RICA É A FÉ FIRMADA NA ETERNIDADE DE DEUS E NO SACRIFÍCIO VITORIOSO DE JESUS CRISTO v.8:

A cada Igreja, Jesus reapresenta uma faceta de seu caráter que ajudará a Igreja a resolver seus problemas.
a) Ele é o Primeiro e o Último.
Ele é eterno, o causador e finalizador de todas as coisas, “a causa não causada”.
Crer em Deus não é só crer que Ele é o criador, mas que também Ele conduz a história a um final glorioso para os seus fiéis.
 Deístas = Deus é apenas o causador.
 Teístas = Deus é o causador, o sustentador e o consumador de tudo (Hb 12.2).
Esta é uma verdade confortadora, pois ajuda-nos a fixar os olhos além e acima das circunstâncias.

b) Ele foi morto e tornou a viver.
A morte não é o fim, existe a ressurreição! Aleluia!!!
Os cristãos se dirigem pela fé no Deus invisível, mas real. Eles se dirigem pela fé no Cristo ressurreto, que também ressuscitará a todos os crentes para participarem da bem-aventurança eterna.
Em I Co 15.19 = “Se a nossa esperança em Cristo se limita a apenas esta vida, então somos os mais infelizes de todos os homens”.
A Teologia da Prosperidade, que tem lotado os templos buscando um confortável céuzinho rico aqui na terra, corre o risco de com isto não fazer nada mais que apenas alimentar a cobiça carnal e mundana de cada um e impedí-los de conhecer a verdadeira graça salvadora de Deus por meio do sangue sacrificial de Jesus Cristo. Deus não nos escolheu para sermos ricos e tranqüilos aos finais de semana, mas para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele (Ef 1.4) e assim, sermos seus servos independentemente de tudo que nos aconteça.
I Co 15.20 coloca a morte e ressurreição de Cristo como raiz de nossa fé, e não a prosperidade financeira. Pobres de nós; de você e de mim, se não abrirmos o coração e crermos nessa verdade.

II. RICA É A FÉ QUE PERSEVERA MESM0 NAS TRIBULAÇÕES v. 9,10:

A Igreja de Esmirna era uma Igreja sofredora, e o foi por mais de 60 anos durante o Império Romano, mas mesmo assim foi uma Igreja especial para Deus. Das sete igrejas aqui mencionadas, somente Esmirna e Filadélfia não ouvem reclamações, mas só elogios da parte de Deus. Que Deus nos faça ser como eles!

a) Eu conheço a tua tribulação.
Jesus está ciente de tudo o que nos acontece. O ambiente no qual a Igreja foi
plantada também. Ela é vizinha a servidores de satanás. As pessoas dizem; aqui a pregação do evangelho é tão difícil! É difícil em todo lugar, mas nós vamos cruzar os braços e deixar as almas perecerem no inferno por causa disso!? Quem pensa assim não tem uma fé rica, mas pobre e medíocre, precisa se converter, se não Deus o castigará...
Em Rm 8.28, lemos que “todas as coisa cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que foram chamados segundo o Seu propósito”.
 Todas as coisas = boas e más.
 São para os que amam a Deus.
 São aplicadas segundo o propósito de Deus.
Ilustração: Inácio de Antioquia (35-107 d.C.). Martirizado em Roma em 107 d.C. ele se auto-intitulava de “o portador de Deus”, ou “Levado por Deus”. Por causa dessa segunda interpretação, uma lenda passou a dizer que ele fora aquela criança que Jesus colocou entre os discípulos como exemplo do que é fé. Ele via no martírio o cumprimento da vontade de Deus para a sua vida. Disse:
“_ Quando eu sofrer, serei livre em Jesus Cristo, e com ele ressuscitarei em liberdade... Sou trigo de Deus, e os dentes das feras hão de moer-me, para que possa ser oferecido como limpo pão de Cristo”. (carta à Igreja de Roma, escrita de Esmirna) .
Durante a sua viagem ele escreveu coincidentemente sete cartas às Igrejas (Magnésia, Trales, Éfeso e Roma [escritas de Esmirna]; De Troade escreveu: À igreja de Esmirna, de Filadélfia e à Policarpo).
É Cristo quem nos conduz no caminho que percorremos. Tome a sua cruz e siga-o!

b) 3 Tipos básicos de problemas.
1. Tribulação – O sofrimento, a perseguição dos romanos e dos falsos judeus.

2. Pobreza – Ptocoj significa aquela pobreza extrema, de passar privação. É a mesma palavra de II Co 8.2 (“profunda pobreza”). Esses crentes aqui, mesmo debaixo de extrema pobreza e perseguição eram fiéis a Cristo.

3. Blasfêmias dos judeus – a reputação. Eram mal falados na cidade, não por seu mau testemunho, mas pelo oposto. Eram chamados de ateus, porque não tinham nenhum tipo de imagens em suas casas. Eram expulsos das sinagogas (Sinagoga de satanás). Os judeus os delatavam às autoridades.
É nessas horas que somos tentados a cuidar mais da nossa reputação que do Evangelho de Jesus Cristo.
Ilustração: Indira Ghandi: Presa algumas vezes junto com seu marido, foi inquirida por um repórter: “- A senhora não teme por sua reputação?” A resposta: “_ A minha reputação consiste em seguir o meu marido”.
A nossa reputação é seguir a Cristo e pronto! Não é o que pensam de nós o que realmente importa, mas o que Cristo pensa de nós!”. Do que adianta ter a aprovação do mundo inteiro e perder a sua alma?

c) Não temas o sofrimento.
O que nos pode causar sofrimento?
1. Os acontecimentos: “Coisas que tens de sofrer”.
As pessoas vivem preocupadas com o que pode acontecer e perdem de vista o que elas podem fazer para ser uma benção usada por Deus mesmo em meio ao sofrimento.
Em Mateus 6.25-33 lemos que cada dia trará por si só o seu cuidado, o que devemos fazer é buscar o reino de Deus e a sua justiça. O resto é acréscimo de Deus.

2. O Diabo.
Ele é o inimigo número um dos cristãos. Às vezes Cristo lhe permite agir sobre as Igrejas. Esmirna iria sofrer debaixo de sua ação maligna por dez dias: “Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós”.
Há três maneiras básicas de o diabo agir na vida dos cristãos:
 Indiretamente pelos apetites de nossa carne. Através do pecado.
 Indiretamente pelas seduções que nos são oferecidas pelo mundo. Ou se opondo através de homens maus (I Ts 3.2), que o servem.
 Diretamente através da tentação.
Embora em todas elas Deus esteja restringindo o seu poder, Deus mesmo nos ordena a não brincar com o diabo pois ele é muito perigoso para nós. Não brinque com o diabo, não ignore os seus desígnios (II Co 2.11).

3. Prova – Tentação (Peirasqhte).
Essa palavra pode ser traduzida tanto por tentação quanto por provação.
Deus = Provação.
Diabo = Tentação.
O que é mesmo uma tentação?
É quando Deus permite que o Diabo se aproxime de nós, e somos sustentados unicamente pela nossa obediência à Palavra (Dietrich Bonhöeffer). Em Lucas 22.31, o Senhor Jesus Cristo afirma que a tentação é como ser peineirado como trigo. Há duas verdades consoladoras nessa ilustração do Senhor. Primeiro: Que Satnás nada pode fazer contra nós sem a permissão soberana de Deus. Para nos tentar, ele tem de pedir a permissão de Deus. Segundo: Que ao passar-nos na peneira, a tentação acabará por retirar de nós o que é ruim deixando apenas o que for bom. Se tudo for ruim, perdemos, mas se a semente do evangelho da graça estiver presente, então o que passar pela peneira será ainda mais puro para Deus. Talvez seja isso que Tiago quer dizer

4. Tribulação de 10 dias (Prisão) – O tempo.
O que mais nos preocupa é a intensidade e o tempo da tribulação, mas não
nos preocupamos com seu efeito purificador. Não nos interessa sofrer.
Ilustração: As Cartas do Coisa Ruim : “_ Não interessa o tempo que seu cliente passa na Igreja, mas faça com que esse tempo seja o mais inútil possível”.
Qual a vitória de se resistir nove dias e entregar os pontos no amanhecer do décimo dia? Nós ainda não aprendemos o que é perseverança, pois via de regra desistimos, entregamos os pontos.
Citação: O Hino 49 (Sempre Vencendo) diz:
“Não é dos fortes a vitória, Ou dos que correm melhor,
Mas dos fiéis e sinceros, Que seguem juntos ao Senhor!”.

c) Sê fiel até à morte e dar-te-ei a coroa da vida.
Esmirna como cidade era considerada a coroa da Ásia, mas não tinha a coroa da vida. Essa coroa é para os cristãos vencedores em sua caminhada de fé.
Você está pronto para enfrentar o martírio?
Ilustração: Dizem que num país comunista, no passado, 3 soldados com metralhadoras entraram em uma Igreja evangélica e disseram: “_ Quem não negar a Cristo será fuzilado”. Apenas cinco não negaram. Então os soldados se voltaram para os demais e disseram: “_ Agora é vocês que vão morrer seus covardes”.
Você está pronto para enfrentar o martírio?

III. RICA É A FÉ QUE VENCE A SEGUNDA MORTE v.11.

O salvo é aquele que nasce duas vezes e morre apenas uma, isso se não estiver vivo no dia do arrebatamento. O não salvo é aquele que nasce apenas uma vez e morre duas (a morte física e a morte eterna).
 Lucas 12.4 = “Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma”. A alma está nas mãos de Deus, e é uma prerrogativa Dele salvar ou não salvar.
As pessoas fazem de tudo para preservarem suas vidas aqui na terra, mas se esquecem de se prepararem para o encontro final com Jesus Cristo. Jesus disse:
“Quem perder a vida por minha causa e do Evangelho encontrará a vida” (Mt 10.39; Mc 8.35,36; Lc 9.24,25 e 17.35).
Ilustração: A ex-evangélica Tiazinha, achou que fez um grande negócio ao trocar a vida cristã pelos rebolados de seu belo corpo, uma máscara e o dinheiro que isso lhe tem proporcionado. Ela ganhava em 1997 apenas mil reais por mês; Em 1999 ganhava cerca de 40 mil por mês. Suas fotos na PlayBoy foi a maior tiragem da história da revista até então (3 edições). Para ela, ela achou a vida! Mas para Cristo, se ela não se arrepender, ela terá perdido a sua alma!
De que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma?! Paulo perdeu tudo por causa de Cristo. Ele disse em Filipenses 3.8, que ganhou tudo!!!
Ilustração: No filme “A Missão”, o cardeal escreveu ao Papa:
“_ Agora, Vossa Santidade, teus padres morreram e eu sobrevivi; mas na verdade eles vivem, e eu é que morri”.

Conclusão:

Esmirna é rica! Os limites de sua fé não eram as circunstâncias que geralmente alegamos ser os da nossa (dinheiro, tamanho e oportunidades). Eles eram ricos na fé, na ousadia, na fidelidade a Deus e também na recompensa que Deus lhes prometera.
Apesar de sua pobreza, e nada na história nos leva a pensar que essa pobreza se tenha alterado por anos! Ela era uma Igreja operante. Essa carta nos alerta que:
1. O medo de sofrer causa inoperância;
2. O medo de ficar “falado” causa inoperância.
3. O medo de morrer causa inoperância.
Ilustração: Cerca de 60 anos mais tarde Germano, Policarpo e tantos outros cristãos pagaram esse preço em Esmirna. Após o bispo Germano não negar a Cristo e ainda incitar às feras que o atacassem; enfurecidos o povo pediu que trouxessem mais cristãos. Policarpo foi perseguido, encontrado e levado.
No dia 22/02/156, aos 86 anos Policarpo foi martirizado como Inácio o fora uns 50 anos antes. Conclamado a negar a Cristo e adorara César em troca da liberdade, respondeu:
“_ Oitenta e seis anos faz que o tenho servido e Ele jamais me faltou; como posso eu blasfemar contra o Rei que me salvou ?”
E na fogueira, orou:
“... Eu te agradeço porque me consideraste digno, neste dia e hora, de partilhar do cálice do Teu Cristo, entre o número das Tuas testemunhas”.
Atearam o fogo, mas como o vento prolongava seu sofrimento, um soldado o atravessou com uma espada, e morreu.
Citação: Nas palavras do Dr. John Stott, “_ Ele ouvira bem as palavras do Senhor: ‘Sê fiel até à morte e dar-te-ei a coroa da vida’. Policarpo conheceu a primeira morte; a segunda (o castigo eterno) ele jamais conhecerá, porque passou da morte para a vida”.
E você, o que será de sua fé?!
Amém.

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